Entenda como o custo do crédito afeta mercado imobiliário
O mercado imobiliário enfrenta um cenário desafiador com a alta da Selic para 13,25% ao ano, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada. O Copom, órgão do Banco Central, define a taxa básica de juros, que influencia diretamente o custo do crédito no País. Enquanto os compradores lidam com financiamentos mais caros, as construtoras precisam adaptar seus planos diante do aumento das despesas, que reduz margens de lucro e pode inviabilizar lançamentos.
No financiamento imobiliário, as taxas de juros variam bastante. Dados do Banco Central mostram que, em 2024, os juros prefixados foram de 10,91% ao ano na Caixa Econômica Federal, um dos menores valores do mercado, até 26,40% ao ano em outra instituição. Essa diferença exige atenção na escolha do banco, pois impacta diretamente o valor total pago ao longo dos anos.
Para as construtoras, o impacto também é significativo. Muitas dependem de financiamentos para adquirir materiais, contratar mão de obra e viabilizar obras. Com juros elevados, o custo do capital sobe e os projetos precisam ser reavaliados.
Segundo o especialista em mercado imobiliário, Ariano de Paula, além da alta dos juros, os financiamentos ficaram mais caros devido à Resolução 4.966/2021 do Banco Central, que impôs novas regras para provisão de crédito, tornando o acesso a empréstimos mais restrito e oneroso para as instituições financeiras. “Tudo isso impacta frontalmente os custos dos empreendimentos refletindo diretamente nos preços. Num momento em que os financiamentos ficaram mais escassos para o consumidor, decorrente da queda dos recursos da caderneta de poupança que migraram para outros ativos, essa confluência de fatores pode afetar o bom desempenho que o mercado vem demonstrando”, disse o presidente do Sicoob Imob.vc, cooperativa de crédito das empresas do mercado imobiliário e condomínios.
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Ele explica que a alta dos juros também leva as empresas a renegociarem prazos e adaptarem projetos, tentando equilibrar viabilidade financeira e demanda do mercado. Com menos lançamentos e despesas mais altas, a oferta de imóveis cai, pressionando os preços no médio prazo. Em contrapartida, cresce o interesse por construções sustentáveis, que reduzem custos de manutenção para consumidores e podem gerar incentivos fiscais para as empresas.
Para quem deseja comprar um imóvel, ferramentas como a Calculadora do Cidadão, do Banco Central, ajudam a simular financiamentos e entender o impacto dos juros no longo prazo. Já as construtoras devem investir em planejamento financeiro e parcerias estratégicas para mitigar os efeitos do crédito caro.
A alta dos juros é um desafio, mas também reforça a importância de decisões bem-informadas e estratégicas. Seja para consumidores ou empresas, planejamento é essencial para garantir segurança financeira e melhores oportunidades no futuro.
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