Empoderamento financeiro: uma visão de combate contínuo à violência contra a mulher
À medida que nos aproximamos do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, em 25 de novembro, é crucial mantermos o diálogo sobre as diversas formas de violência que ainda afetam as mulheres em nossa sociedade.
A 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada pelo DataSenado, revela que três em cada dez brasileiras já foram vítimas de violência doméstica, muitas enfrentando controle econômico por parte de seus agressores. Esse abuso inclui retenção de documentos, destruição de bens e manipulação dos recursos financeiros, aprisionando-as em relacionamentos abusivos e minando sua independência.
A Lei Maria da Penha reconhece a gravidade da violência patrimonial, definindo-a como qualquer conduta que subtraia ou destrua bens ou recursos econômicos da vítima. No entanto, os impactos vão muito além das perdas materiais; trata-se da erosão da liberdade e da autoestima.
Os efeitos físicos e psicológicos da violência doméstica — como depressão, transtorno de estresse pós-traumático, distúrbios do sono, transtornos alimentares e até tentativas de suicídio — estão intimamente ligados à falta de autonomia financeira.
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De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os danos da violência patrimonial muitas vezes demoram a ser percebidos, já que, culturalmente, os abusadores exercem formas de controle que tornam as mulheres financeiramente dependentes. O CNJ também destaca que essa violência atinge todos os extratos sociais e econômicos.
Uma das mais recentes formas de violência patrimonial que o sistema de justiça e segurança tem enfrentado é o estelionato sentimental, em que os abusadores se utilizam da confiança da vítima para tirar proveito financeiro, utilizando seus bens em benefício próprio.
Recentemente, a Lei 14.831, que concede às organizações o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, destacou a importância de políticas que promovam a saúde mental das trabalhadoras. Segundo a OPAS/OMS, mulheres que sofrem abuso têm o dobro de chances de desenvolver depressão e outros transtornos mentais, evidenciando a urgência de ações efetivas para mitigar esses impactos.
A independência financeira é uma ferramenta poderosa no combate à violência patrimonial. Empresas que investem na educação financeira de suas colaboradoras não apenas fortalecem suas equipes, mas também contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Promover a saúde mental no ambiente de trabalho é essencial para que as mulheres possam tomar decisões mais seguras e assertivas, rompendo ciclos de abuso e dependência.
Convido a todos, especialmente neste período que antecede o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, a refletirem sobre como podemos, enquanto sociedade e no âmbito corporativo, apoiar e empoderar as mulheres.
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