O perigo das apostas on-line e a ilusão de atalhos para a riqueza
O Brasil vive uma realidade alarmante. Em agosto, segundo um estudo do Banco Central (BC), beneficiários do Bolsa Família destinaram R$ 3 bilhões para apostas esportivas online via Pix, o que equivale a 20% dos recursos distribuídos pelo programa no mês. Aproximadamente 5 milhões de beneficiários se envolveram em apostas, com uma média de R$ 100 por pessoa.
Esse fenômeno está afetando não apenas o orçamento familiar, mas também sonhos e a educação. De acordo com a Educa Insights, 35% dos potenciais estudantes que planejavam iniciar uma graduação em 2024 adiaram seus planos porque comprometem sua renda com apostas online. Isso representa cerca de 1,4 milhão de pessoas que poderiam estar investindo em educação, mas foram seduzidas pelas bets.
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima que as apostas online podem gerar um prejuízo de R$ 117 bilhões ao comércio brasileiro. Recursos que poderiam impulsionar o crescimento econômico e gerar empregos estão sendo drenados para essas plataformas.
Na semana passada, o Ministério da Fazenda atualizou a lista de bets autorizadas a operar no Brasil até dezembro, que agora conta com 205 plataformas de 93 empresas. Além disso, 18 sites receberam autorização para atuar apenas em nível estadual.
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A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) antecipou a proibição do pagamento de apostas on-line por cartão de crédito, que começou a valer no dia 2 deste mês. Inicialmente, a previsão era que essa mudança só entraria em vigor a partir de 2025. Mas o crescente endividamento dos apostadores pressionou o setor a agir rapidamente.
Ainda é preciso muito mais para combater os efeitos negativos que as apostas causam no dia a dia das famílias brasileiras.
Dez de outubro é o Dia Nacional de Combate à Ludopatia. A data nos lembra da urgência em discutir o vício em jogos. Com o aumento das apostas online, esse problema pode se agravar ainda mais. Este é o momento de conscientizar a população sobre os perigos da ludopatia, oferecer campanhas que alertem para os riscos dos jogos online e informações sobre educação financeira.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), “as pessoas que praticam essa atividade devem estar atentas à quantidade de tempo que gastam fazendo isso, particularmente quando resulta na exclusão de outras atividades diárias, bem como quaisquer mudanças em sua saúde física ou psicológica e funcionamento social que possa ser atribuído ao seu padrão de comportamento em relação a jogos eletrônicos”. O posicionamento da ONU mostra uma clara preocupação com a saúde mental dos apostadores.
É importante deixar claro: bets não são investimentos. Enquanto investimentos exigem análise e visão de longo prazo, apostas vendem a ilusão do dinheiro fácil. Na maioria dos casos, os resultados são: frustração, endividamento, estresse e redução na qualidade de vida.
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