Sustentabilidade Financeira

Saque-Aniversário do FGTS: uma alternativa em xeque

Ministro promete enviar ao Congresso um projeto de lei que altera as regras do saque-aniversário do FGTS; entenda o que está em jogo
Female hand holding a smartphone with FGTS (Caixa) app on the screen. Brazilian worker guarantee fund. Rio de Janeiro, RJ, Brazil. October 2021. AdobeStock_460966372_Editorial_Use_Only
Foto: AdobeStock / Divulgação

Desde outubro do ano passado, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, promete enviar ao Congresso um projeto de lei que altera as regras do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Criado em 2019, o saque-aniversário permite que o trabalhador retire anualmente uma parte do saldo de FGTS no mês de seu aniversário. No entanto, a continuidade dessa modalidade está seriamente ameaçada.

O governo estuda uma nova modalidade de crédito consignado como alternativa ao saque-aniversário. A motivação é a crescente preocupação com o impacto financeiro que essa opção tem sobre o FGTS, cujas regras geram controvérsias sobre a sustentabilidade do fundo.

Luiz Marinho se posiciona contra as atuais regras do saque-aniversário. Segundo ele, a extinção dessa modalidade é fundamental para proteger os trabalhadores. O principal ponto de crítica é que, ao optar pelo saque-aniversário, o trabalhador perde o direito de sacar o saldo total da conta do FGTS em caso de demissão sem justa causa, ficando restrito apenas à multa rescisória de 40%.

Para muitos, o saque-aniversário parece uma solução atraente a curto prazo, mas a longo prazo, pode trazer consequências negativas. A limitação de acesso ao saldo total do FGTS em caso de demissão é uma penalização severa, especialmente em um cenário econômico instável.

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Além disso, o governo alerta para os riscos à sustentabilidade do FGTS. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, a popularidade crescente dessa modalidade pode consumir R$ 262 bilhões até 2030, valor que poderia financiar 1,3 milhão de moradias populares. Isso representa uma ameaça direta à capacidade do FGTS de cumprir sua função social de desenvolvimento habitacional.

A proposta de uma nova modalidade de crédito consignado como alternativa surge como uma tentativa do governo de equilibrar o acesso ao dinheiro do FGTS com a saúde financeira do fundo. No entanto, essa alternativa ainda levanta dúvidas sobre a possibilidade de endividamento dos trabalhadores.

O debate sobre o saque-aniversário do FGTS envolve uma complexa teia de interesses, desde a proteção dos direitos dos trabalhadores até a necessidade de garantir a sustentabilidade de um dos principais fundos de amparo social do país. Enquanto o Congresso não recebe o projeto de lei prometido, trabalhadores, sindicatos e especialistas aguardam o desenrolar dessa questão que afeta milhões de brasileiros.

O que está em jogo não é apenas o direito de acessar recursos do FGTS rapidamente, mas a segurança financeira dos trabalhadores e a capacidade do fundo de continuar cumprindo seu papel social. É um momento crucial para refletir sobre o que é realmente prioritário: o benefício imediato ou a proteção no longo prazo?

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