Vinho da Casa

Acredite, é possível um ‘match’ entre você, a Borgonha e Bordeaux

Dicas para decifrar rótulos, entender regiões francesas e chegar ao equilíbrio entre preço e qualidade

Já virou hábito os amigos me mandarem fotos de vinho em promoção. Em seguida, vem a pergunta clássica: “Vale a pena?” A resposta nunca é simples, porque tudo depende da experiência desejada. E, convenhamos, não existe milagre na equação qualidade/preço.

Cada país tem suas leis e classificações para os vinhos e tudo está descrito no rótulo. Produtor, região, castas, safra. Isso não quer dizer que seja fácil identificar as diferenças, na maioria das vezes em outras línguas. Mas há indicações simples, que podem ajudar na hora da compra. A primeira delas é o país de origem, o que já é uma pista do que virá na taça.

Ainda assim, é preciso estar atento: não vai aparecer um Grand Cru da Borgonha na gôndola do supermercado do bairro por R$ 100. Um vinho desses no Brasil custa mais de R$ 1 mil e nem vai estar disponível em qualquer loja. Mas é possível degustar uma garrafa dessa região desembolsando bem menos.

É nesse sentido que ‘Bureau Interprofissionnel des Vins de Bourgogne’ vem trabalhando, para desmistificar seus rótulos. Numa simpática masterclass on-line para profissionais brasileiros, promoveu a degustação da classificação Village, a terceira da sua pirâmide de exclusividade.

A intenção é difundir os vinhos de localidades menos conhecidas na região, mas que mantêm a qualidade de outros mais famosos. Os preços são bem mais convidativos que os Grands Crus e Premiers Crus. Já há no mercado brasileiro os chamados ‘Gran Vin de Bourgogne’, de alguma das 44 apelações Village, entre R$ 200 e R$ 400.

Não é barato, mas já facilita a experiência de vinhos brancos Chardonnay de altíssima qualidade, com acidez, mineralidade e sabores de frutas típicas de regiões frias. E também rótulos de Pinot Noir do seu habitat natural, das Côte de Nuits, Côte de Beaune, Côte Chalonnaise e Mâconnais, com sutis diferenças entre sabores frutados ou secundários após passagem em barrica. Todos com muita elegância na taça.
Quando o assunto é vinho de excelência francês, Bordeaux também precisa estar no radar. Outra tarefa árdua para decifrar. Por lá, há os grandes monstros, os Grands Crus Classés dos Châteaux mais icônicos do planeta, como Haut-Brion, Lafite-Rothschild, Latour, Margaux e Mouton-Rothschild. Garrafas que podem chegar a alguns milhares de dólares!

Todavia, a região – com a produção voltada quase toda para vinhos tintos – tem os AOC (Appellation d’Origine Contrôlée) Bordeaux, divididos basicamente pelas margens dos rios, o Garonne e o Dordogne, cada uma com a prevalência de castas distintas do corte bordalês, como Merlot e Cabernet Sauvignon.
O quebra-cabeças dos rótulos pode ser uma construção lenta e muito divertida. Acredito que compreender o seu tipo de vinho ideal é fundamental para o acúmulo de boas informações. Até porque, a compra de um vinho deve ser um prazer e não um castigo.

Uma coisa é certa: a escolha de um Bordeaux ou Borgonha de bom custo-benefício deve ser comemorada! E compartilhada com os amigos. Pode me chamar!

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