Em Andradas, tecnologia e pesquisa se unem à tradição
Numa sala ensolarada, com janelas abertas para a vegetação verdinha, inicia a harmonização na vinícola Stella Valentino. De início, somos conduzidos a uma taça do Malus, um rosê com queijo e marmelada. Clarinho, apresenta notas de frutas vermelhas que combinam a perfeição com o doce e salgado. É um vinho de uma casta espanhola, a Tempranillo que, apesar de parecer leve, tem graduação alcoólica alta, entre 14% e 16%, que no Brasil é classificado como vinho nobre.
Em seguida, provamos o Lonoris, branco de Sauvignon Blanc com personalidade mineira. O característico herbáceo bem presente. Seguimos para o Modestus, Syrah jovem, com salaminho e provolone. Depois o Gran Modestus, Syrah com estágio em barrica, que fez par com pepperoni e queijo parmesão. A pimenta preta característica da casta ressalta o sabor dos embutidos. Finalizamos com um tinto Tempranillo e copa lombo.
Degustação de alto nível e com uma surpresa: a casta espanhola, que se desenvolveu muito bem na propriedade familiar na cidade de Andradas, no Sul de Minas, onde a vitivinicultura de inverno vem se desenvolvendo em grande escala.
Realizada onde já foi palco da “pisa a pé”, o ambiente da degustação é familiar e afetivo, em construções históricas que remetem à casa de vó. Mas sem nostalgia. A família olha para a frente, se pauta pela qualidade e ganha destaque onde se aventura. Ano passado, foi medalha de ouro no 1⁰ Concurso Brasileiro de Vinhos de Mesa.
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A história em Andradas é tão antiga que se confunde com o desenvolvimento da cidade. A ponto de o bairro, onde mantém a vinícola, levar o sobrenome da família. O desbravador chamava-se Valentino Stella, nome invertido por uma decisão de marketing para batizar a vinícola.
A plantação de vitis viníferas para vinhos finos começou em 2000. Era o início da utilização da técnica da dupla poda na região Sudeste. Ali, os testes duraram 17 anos até que a vinícola tenha começado e comercializá-los. Queriam qualidade antes da estrutura para turismo. Há pouco tempo, começaram a restaurar as construções para receber visitantes.
Atualmente, além das parcelas de estudos mantidas em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), os Stella estão desenvolvendo as híbridas Piwi, resistentes a doenças fúngicas. Os resultados estão sendo positivos e já vêm chamando atenção. Serão vinhos com mínima intervenção do enólogo, que flertam com o universo dos orgânicos, tão em voga atualmente, o que reforça a vocação dos Stella para aliar a tradição e a inovação.
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