Vinho da Casa

EnoBrics: cresce a produção de vinho nos países do bloco

Há, por exemplo, muitas diferenças entre os terroirs dos cinco membros do bloco econômico, mas também muitas semalhanças

O Brasil foi sede, esta semana, do encontro dos países do Brics, bloco econômico criado em 2009. Para além dos debates políticos, sociais e econômicos, os cinco membros que compõem a sigla têm algo em comum: são potências emergentes também na produção de vinho.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul não fazem feio nesta matéria e estão investindo cada vez mais no setor. A China, por exemplo, tem a maior extensão de vinhedos na Ásia e a terceira mundial. A Rússia só fica atrás da Moldávia na Europa Oriental, com 108 mil hectares, em produção de castas clássicas francesas, como Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay.  

Na Índia, os vinhedos vêm se expandindo significativamente nos últimos anos, com uma taxa média anual de 4,5% desde 2019. Ano passado, já somava 185 mil hectares.

Com clima moderadamente quente e seco, a África do Sul é a maior do seu continente e tem até uma casta própria, a Pinotage. Já o Brasil vem seguindo uma trajetória de crescimento gradual, expandindo sua área pelo quarto ano consecutivo, com 83 mil hectares.

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Há muitas diferenças entre os terroirs dos cinco membros, mas também muitas semelhanças. Brasil e Índia, por exemplo, avançam em tecnologias de cultivo em clima tropical, com adaptação climática, muita pesquisa e uso de castas resistentes, como a Syrah.

Assim como a África do Sul, o Brasil passou por desafios semelhantes justamente onde há o cultivo tradicional, no Rio Grande do Sul.

No país africano, a produção recuou em 5,1% em relação a 2023 e 12,6% abaixo da média dos últimos cinco anos. Foi o menor volume registrado desde 2005. O motivo? Geadas, chuvas intensas, inundações e alta pressão de doenças fúngicas. Por aqui, a queda acentuada, de 41% em 2024, é resultado das fortes chuvas que atingiram a região Sul, na maior tragédia climática do País, ano passado.

Não à toa, um dos seis pontos de debates do encontro no Rio de Janeiro foi, justamente, “Mudança do Clima: adotar uma Agenda de Liderança Climática do BRICS”.

Enquanto isso, a Rússia registrou em 2024 um nível de produção 17,5% superior à sua média dos últimos cinco anos, que alcançou o maior volume desde 2015.

Além de aumentar a produção, russos também passaram a beber mais vinho, com aumento do consumo interno alcançando 8,1 milhões de hectolitros, o que representa quase 5% acima da média dos últimos cinco anos. Um mercado pujante que representa crescimento econômico e geração de empregos.
Cena repetida no país da Pinotage. Com o maior e mais dinâmico mercado de vinho do continente africano, o consumo é estimado em 4,3 milhões de hectolitros.

A China lidera a produção do bloco, mas tem desafios internos. O consumo no país teve uma redução de 19,3% em 2024, totalizando 5,5 milhões de hectolitros. Situação que se repete no Brasil: a produção cresce, mas os brasileiros bebem menos.

Com tantas informações cruzadas, podemos torcer por um futuro mais integrado, de troca de experiências e conhecimentos tecnológicos, que trariam benefícios à indústria mais encantadora e sofisticada do planeta.

Um brinde ao “Enobreças”!

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