Vinho da Casa

O frio que molda os vinhos de altitude de Santa Catarina

As baixas temperaturas imprimem características marcantes às taças

Lá onde os termômetros registram as temperaturas mais baixas do País está a Indicação de Procedência (IP) Vinhos de Altitude de Santa Catarina. O cenário branco do inverno serrano é também o berço de vinhos de excelência, reconhecidos há quatro anos pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) pela qualidade única e pela expressão fiel das condições naturais da região.

A Indicação de Procedência Vinhos de Altitude de Santa Catarina abrange 29 municípios, entre eles São Joaquim, Urubici, Água Doce, Anitápolis, Bom Jardim da Serra e Campo Belo do Sul. Todos os rótulos levam uvas cultivadas dentro da área delimitada, em vinhedos situados acima de 900 metros de altitude, com baixa pressão atmosférica e clima frio. A neve é um charme da paisagem, mas não interfere na maturação das uvas, que ocorre no verão, quando a amplitude térmica garante o amadurecimento ideal da fruta.

Pioneira na vitivinicultura de altitude, a Villa Francioni abriu caminho para o desenvolvimento da região. A Quinta da Neve foi uma das primeiras a apostar em vinhos finos de altitude em São Joaquim. Hoje, nomes como Vivalti, Pericó e Monte Agudo completam o roteiro de enoturismo e reforçam o prestígio crescente dos vinhos de altitude catarinenses.

O frio intenso imprime características marcantes às taças. O enólogo Nei Rasera, da Villa Francioni, destaca o espumante 100% Chardonnay, com 24 meses de autólise, processo que preserva aromas frutados e acrescenta notas de panificação.

“É um produto natural, sem adição de açúcar, mas com cremosidade e boa acidez, o que garante equilíbrio em boca”, explica o enólogo. O rótulo está em linha desde 2014, sempre em edições limitadas, com menos de 2 mil garrafas por lote.

Nos vinhos tranquilos, a acidez natural do terroir ganha protagonismo. “Nos brancos e rosés, traz vivacidade; nos tintos, resulta em vinhos longevos, que evoluem muito bem em garrafa”, observa Rasera.
Ícone da região, a Sauvignon Blanc aparece em dois rótulos da casa: o Joaquim, leve e fresco, ideal para momentos despretensiosos, e o Villa Francioni, de perfil mais gastronômico, com aromas intensos e complexidade marcante.

Entre os tintos, o destaque é o Dilor, produzido apenas em grandes safras, como a de 2020, um corte de Cabernet Franc, Merlot, Malbec, Cabernet Sauvignon, Syrah e Petit Verdot. O vinho passa 30 meses em barricas de carvalho francês e mais dois anos de amadurecimento em garrafa.

“É um vinho ainda jovem, mas de grande qualidade e com potencial de evolução impressionante”, resume o enólogo.

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