O marketing afetivo que faz os rótulos ganharem asas (ou patas)
O que é, o que é? O pássaro desenhado no rótulo de um dos vinhos argentinos mais vendidos no Brasil ultimamente? São as perdizes, muito encontradas aos pés da Cordilheira dos Andes, em Mendoza – inspiração direta do nome e símbolo da vinícola. Uma das linhas de entrada, batizada de Chac Chac, remete ao som reproduzido pelos bichos que ali vivem.
Lá no Douro, em Portugal, a Casa Ferreirinha batizou seu elegante Papa Figos em homenagem ao Oriolus oriolus, ave migratória de cores vivas e atraentes, encontrada na região durante a época de floração e vindima.
Na Serra Gaúcha, outro pássaro, o Maçarico, virou símbolo da vinícola Era dos Ventos. Já na Guatambu, o vinho Laranja Veste Amarela homenageia o pássaro de mesmo nome, encontrado na propriedade. Espécie ameaçada de extinção no Pampa foi avistada voando em bandos na sede da vinícola, que integra uma área de reserva legal.
Na região de Pic Saint-Loup AOP (Apelação de Origem Protegida), ao norte do Languedoc, na França, os vinhos da vinícola Le Mas de Mussen exibem lobos em peles de cordeiro – uma referência às antigas lendas locais da região montanhosa, que produz belos vinhos da tríade Syrah, Grenache e Mourvèdre.
Em comum entre as histórias, o respeito à preservação da fauna do terroir e até mesmo às lendas locais. Mas há algo além: os bichinhos atraem a atenção do consumidor, ajudam a fixar na memória a garrafa e são um forte apelo nas gôndolas. Por mais que seja uma jogada de marketing, conquistam pela fofura. Eu sou a primeira a me derreter. E, bem dessa forma, meu coração foi fisgado pelo Perrito (na tradução do espanhol: “cachorrinho”).
O cãozinho em questão é o Marquinhos, um Dachshund – o salsichinha da Bruna, filha de Vicente Jorge, um dos grandes wine hunters do Brasil, à frente da Enclos Vinhos.
Inspirado na conexão da menina com seu cachorro – e por um antigo case de sucesso na França, também com um rótulo protagonizado por um cão – Vicente decidiu desenvolver um vinho que unisse afetividade e qualidade. Uma jogada de mestre para ganhar corações de pet lovers (como eu!).
Na estreia de Vicente Jorge como vinhateiro, os cães de estimação mudaram de posto, deixaram a fauna de lado e ganharam os rótulos de uma linha de vinhos produzida no Chile, sem insumos de origem animal e com cultivo de uvas em respeito ao solo e à água. Segundo a família, “o resultado é um rótulo acessível, leve e especial, tanto para os conhecedores quanto para os recém-chegados ao universo do vinho.”
O tinto é 100% Cabernet Sauvignon, com teor alcoólico entre 13% e 14%, e apresenta notas de frutas vermelhas, ameixa e especiarias suaves. O rosé (12,5%), elaborado com Syrah, traz aromas delicados de morango, framboesa e toques florais, lembrando lavanda, e harmoniza bem com frutos do mar e saladas. Já o branco (13%), um blend vibrante, revela notas de abacaxi, cítricos e flores – ideal para o clima tropical e para acompanhar pratos leves, como aperitivos, peixes, camarões, salmão grelhado, risotos à base de queijo e cremes delicados.
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