Vinho da Casa

Na histórica Chapada Diamantina, surge um vinho elegante e cheio de brasilidade

Amplitude térmica e o solo classificado como franco-argilo-arenoso favorecem os vinhedos da região

Conheci a Chapada Diamantina em 2010, numa viagem para jornalistas. A assessora de imprensa da Bahiatursa (órgão oficial de Turismo da Bahia) alertou no convite: levem casacos, à noite esfria. Eu não levei fé de usar casacos na Bahia, mas óbvio que fez frio; as cidades que formam essa região têm as maiores altitudes do Nordeste brasileiro. Fez frio, mas também dias ensolarados de calor, para alegria geral. Essa amplitude térmica é um dos trunfos para que a região venha se transformando num polo de produção de vinhos finos.

A vinícola Uvva, criada em 2012 na pequena Mucugê, é um dos símbolos desse movimento. Projeto elegante, desenhado pelo escritório da arquiteta Vanja Hertcert, tem o enólogo gaúcho Marcelo Petroli à frente da produção. Além da amplitude térmica, o solo classificado como franco-argilo-arenoso vem se mostrando cada vez mais propício aos vinhedos. “Conseguimos perceber nitidamente as faixas da composição, o arenito presente. Temos um solo profundo, propiciando um perfeito desenvolvimento das raízes,muito bem drenado. Essa influência, com o passar dos anos, está sendo percebido na complexidade dos vinhos”, explica MarceloPetroli, durante uma degustação guiada na feira de negócios ProWine, em São Paulo.

A elegância da arquitetura demonstrada em fotos se reflete também na bebida. Para a degustação, a Uvva levou seis rótulos. Começamos por um espumante Nature, feito pelo método clássico, o de Champanhe. Espumante muito bom, com o perfil nacional: aromas florais e muita fruta na boca. A segunda garrafa foi um Sauvignon Blanc fresco, com toques sutis de maracujá, grama cortada e floral. Em seguida, Chardonnay sem barrica, feito sur lie, o que acrescenta untuosidade. Notas florais, frutas como abacaxi e pêssego, nuances de cítricos e um toque mineral.

Entre os tintos, um Merlot oriundo do primeiro microlote desta casta na Uvva. Passagem de 12 meses em carvalho francês. Passamos a um blend de Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec, mistura que deixou muita fruta evidente. Por fim, o Diamã, corte com 12 meses de barrica, sabor de frutas negras e especiarias, acidez viva e taninos de médio a longo corpo.

Um detalhe que faz os vinhos da Uvva serem tão especiais é a agricultura de precisão. Há microlotes de castas que são vinificados separadamente numa cantina planejada especificamente para este fim.

A moldura também é muito especial. Da vinícola se vê a Serra do Sincorá, sequência de montanhas impressionante que forma o visual totalmente instagramável da Chapada Diamantina. E o banho de cachoeira está logo ali!

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