Vinho da Casa

Vinho do Porto e os Douro Boys: a revolução de uma região

Grupo denominado Douro Boys passou a organizar inúmeros seminários e provas em vários pontos do planeta para destacar o potencial dos vinhos e da região

Um dos grandes símbolos de Portugal, o vinho do Porto tem uma história muito antiga. A ponto de haver descobertas arqueológicas que testemunham a existência dessa cultura do Alto Douro em priscas eras. Fortificado, é feito mediante a adição de uma porção de aguardente vínica em uma determinada altura do seu processo de produção. O resultado é um vinho doce, com alto teor alcoólico.

A fama e o alto interesse inglês – maior comprador à época do produto – levou a práticas fraudulentas. Foi graças à intervenção do Marquês de Pombal, em 1756, que foram estabelecidas normas para a produção da bebida e a criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. A história é contada por Gaspar Martins Pereira, autor do livro Alto Douro — Douro Superior, que considera o marquês um precursor e visionário do moderno conceitode DOC (Denominação de Origem Controlada).
Atualmente exportado para o mundo todo, o encanto sobre o vinho do Porto segue inabalado, mas as castas autóctones da região de encostas íngremes que acompanham o Rio Douro têm também potencial para produzir vinhos tranquilos de altíssima qualidade. O sucesso do “irmão famoso”, porém, abafava os outros e a falta de reconhecimento desses rótulos incomodava os vinhateiros da região.

A insatisfação motivou alguns produtores a mudar este cenário e criar, em 2003, o grupo denominado Douro Boys. Juntos, passaram a organizar inúmeros seminários e provas em vários pontos do planeta para destacar o potencial dos vinhos e da região.

Há mais de 20 anos na estrada, eles seguem incansáveis. Em março, em mais uma visita ao Brasil, um de seus mercados internacionais mais importantes, Tomás Roquette, da Quinta do Crasto; Francisco Olazabal, da Quinta do Vale Meão; José Teles, da Niepoort; e João Alvares Ribeiro, da Quinta do Vallado, trouxeram a “The Luxury Hoff Time”.

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As garrafas trazidas para os encontros no Rio e em São Paulo seguiram um conceito único: a valorização da paciência e do tempo na criação de vinhos longevos. Falando assim, parece que estávamos em ambiente sisudo, grave. Longe disso, os quatro Douro Boys, ao fim, são primos em algum grau. Muitos até levam o mesmo sobrenome e fazem brincadeiras uns com os outros, geralmente querendo dizer que seu vinho é melhor que o do outro. No entanto, é difícil escolher qual o maior destaque do evento.

Havia joias, como suas criações coletivas, tanto tinto tranquilo como Porto, além de ícones das vinícolas.
Da Niepoort, o Batuta Douro DOC 2017, com notas intensas de frutas do bosque, combinadas com leve mineral. Da Quinta do Crasto, a safra 2019 do Vinha Maria Teresa Douro DOC e o Roquette & Cazes 2021, blend de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz.

Já a Vale Meão apresentou seu rótulo da safra 2017, uma das melhores do Douro, coroada com 100 pontos na revista norte-americana Wine Enthusiast. E a Quinta do Vallado trouxe o elegante Reserva Field Blend Tinto.

O esforço é traduzido em números. Desde sua formação, o grupo evoluiu e exporta para mais de 100 países. Hoje, o faturamento em vendas chega a 36 milhões de euros e a venda de quatro milhões de garrafas de vinhos DOC Douro.

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