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A importância da cultura para José Aparecido de Oliveira, ‘o maior mineiro do mundo’

Pré-estreia do documentário em Minas, no Cine Belas Artes, reuniu muitos amigos do protagonista do filme

Dirigido e produzido por Mário Lúcio Brandão Filho e Gustavo Brandão, o documentário “José Aparecido de Oliveira – o maior mineiro do mundo” foi hours concours no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e integrou a Seleção especial da décima quinta edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto. Sua pré-estreia em Minas, no Cine Belas Artes, reuniu muitos amigos do protagonista do filme, o mesmo acontecendo no Rio de Janeiro, nesta semana, na Estação Botafogo, quando a plateia pôde relembrar os principais pontos da trajetória do jornalista e político nascido em Conceição do Mato Dentro, marido de dona Leonor e pai dos estimados José Fernando e Maria Cecília. Entre os depoimentos mais tocantes colhidos pelos diretores, os de Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, Paulo Tarso Flecha de Lima e Ronaldo Costa Couto, da Academia Mineira de Letras.

Depois de estudar em Ouro Preto e em Araxá, José Aparecido chegou a Belo Horizonte, onde logo começou a atuar na imprensa. Em pouco tempo, passou a trabalhar com o então prefeito da capital, Celso Mello de Azevedo, iniciando uma longa carreira na vida pública, que registrou passagens pela Câmara dos Deputados, pelo gabinete de Jânio Quadros e pelo secretariado dos governadores Magalhães Pinto e Tancredo Neves. Aí, um ponto que merece o devido realce.

Chamado por Tancredo, José Aparecido foi o primeiro titular da Secretaria de Estado da Cultura, uma das pastas certamente mais importantes em qualquer administração. Foi em sua gestão, em dezembro de 1984, que se inaugurou a Rede Minas, a televisão pública, educativa e cultural de nosso estado. Na mesma época, articulou a criação do Fórum Nacional dos Secretários de Cultura, integrado por outro mineiro notável, Darcy Ribeiro, de Montes Claros, vice-governador e secretário de Cultura fluminense. Em 1985, convidado pelo presidente eleito, fundou o Ministério da Cultura (MinC), marco essencial da relação entre o Estado e a Cultura no Brasil, que tantos ótimos frutos já foi capaz de gerar. Não conheço país forte que descuide do tema da Cultura e das Artes e de todo o potencial delas decorrente. Em sua gestão no MinC, mostrando-se à frente do seu tempo, José Aparecido também incluiu na agenda a questão da diversidade das representações culturais da nossa gente, dando destaque às culturas indígenas e afro-brasileiras, matrizes formadoras da nossa nacionalidade.

Como governador do Distrito Federal, José Aparecido continuou a prestigiar a Cultura, resgatando e valorizando o patrimônio arquitetônico da cidade e levantando meios para protegê-lo, como a obtenção, para Brasília, do título de “Patrimônio Cultural da Humanidade”, concedido pela Unesco, medida que inibiu a especulação imobiliária e a descaracterização dos principais conceitos urbanos implantados na capital, ainda com Juscelino.

Finalmente, e para coroar sua atuação na vida pública, José Aparecido também figurou como a personalidade-chave para materializar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização internacional surgida em 1996 e responsável por ampliar e consolidar laços – sobretudo culturais – entre as nações cuja língua oficial é a de Camões e Drummond. Nada mais acertado, pois, que divulgar o seu legado.

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