Direito na UFMG: Trinta anos
Fiz o vestibular para direito, na UFMG, no emblemático ano de 1988, quando o deputado Ulysses Guimarães promulgou a Constituição Federal da redemocratização, em 5 de outubro. O Brasil começava a respirar ares menos densos e uma nova safra de alunos se preparava para a experiência universitária. O primeiro semestre do curso, iniciado em 89, se deu no mítico prédio da rua Carangola, no bairro Santo Antônio, onde funcionava a Fafich. Ali, tive o privilégio de ser aluno de Michel Marie Le Ven (Política) e Léa Ferreira (Lógica do Pensamento Científico), entre outros competentes mestres. O momento histórico era especial: preparávamo-nos para votar pela primeira vez para presidente, depois de um jejum de quase três décadas. Do pleito, participaram personalidades marcantes da vida do País, como o próprio Ulysses, os saudosos Mário Covas e Leonel Brizola, o íntegro Aureliano Chaves, mineiro de Três Pontas, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O candidato escolhido naquela disputa deixaria o cargo três anos depois, sendo substituído por outro nome ilustre de Minas, Itamar Franco, responsável pela implantação do Plano Real, em 94.
O segundo período do curso já foi ministrado na sede da vetusta Casa de Afonso Pena, na Praça Afonso Arinos, centro de Belo Horizonte. Na quadra que se seguiu, tive o prazer de conviver com nomes notáveis, como Ariosvaldo Campos Pires, Arthur Alexandre Mafra, Arthur Diniz, Elza Maria Miranda Afonso, Euler da Cunha Peixoto, Jair Leonardo Lopes, João Baptista Vilela, José Nadi Neri, Lúcia Massara, Marcelo Leonardo, Misabel de Abreu Machado Derzi (agora emérita), Pedro Paulo de Almeida Dutra e Sacha Calmon Navarro Coelho. Hoje, sob a segura direção dos professores Hermes Vilchez Guerreiro e Mônica Sette Lopes, a instituição está, de novo, entre as melhores do País, orgulhando nossa gente. Um de seus quadros, Leonardo Nemer Caldeira Brant, foi eleito recentemente pela Organização das Nações Unidas como novo juiz da Corte Internacional de Justiça, na Haia, sucedendo o inesquecível Antônio Augusto Cançado Trindade, também de Minas Gerais.
Tive sorte. Minha turma conseguiu estabelecer laços fraternos de amizade e companheirismo desde o começo. Vivemos cinco anos de intenso aprendizado e de ricas trocas de experiência. Tais vínculos permanecem até hoje. Temos um grupo (que conta com mais de oitenta colegas) que troca mensagens e notícias num clima de absoluta elegância, na busca de uma convivência saudável e civilizada, à margem de qualquer emoção inútil ou desnecessária. Tudo isso contribui para que os nossos trinta anos de graduação transcorram num ótimo clima. Nessa sexta, dia 29, será descerrada placa comemorativa na Sala da Congregação, em solenidade com discursos e homenagens, como é de praxe. Amanhã, dia 30, mais festa. A vida exige trabalho e dedicação, mas também pede celebrações. Plantamos todo dia, o tempo inteiro. É preciso, entretanto, saber colher. E festejar as boas colheitas. Como diria Oswald, a alegria é a prova dos nove…
Com esse espírito, o que espero é que possamos prosseguir sempre juntos, fiéis aos nossos princípios e valores, e, sobretudo, leais à nossa essência. E que as atuais e as futuras gerações possam beneficiar-se da nossa atuação e da nossa presença no mundo.
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