“O livro das perguntas” propõe aproximar crianças da literatura
Na semana em que celebramos o Dia Internacional do Livro Infantil, em 2 de abril (data de nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen), nada mais adequado que conhecer “O livro das perguntas” (Ed. das Autoras, 116 páginas), de Juliana Daher e Fabíola Farias. Juliana é terapeuta ocupacional e mestre em Estudos de Linguagem, atriz e produtora cultural. Fabíola é graduada em Letras, mestre e doutora em Ciência da Informação pela UFMG, com pós-doutorado em Educação, sendo leitora-votante da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Com belo texto introdutório de Cleide Fernandes, a obra busca responder a uma série de perguntas sobre o livro, a leitura, a literatura e a sua relação com as crianças, como, por exemplo: “Que importância têm as famílias na formação leitora das crianças?”, “O que é preciso saber para ler e contar histórias para as crianças?”, “O que eu posso fazer para as crianças gostarem de ler?”, “Por que as crianças deixam de ler quando chegam à adolescência?”. Escrito em linguagem precisa, fluente e agradável, o volume ainda dedica seções próprias a temas como a biblioteca pública, a biblioteca escolar, a biblioteca comunitária e as políticas públicas para a garantia do direito à leitura. Sua parte final abre espaço para que jovens leitores (entre nove e vinte e quatro anos) contem um pouco sobre sua trajetória no universo dos livros. Guia útil e prático, ainda oferta ao público uma rica lista de sugestões de leitura sobre o tema tratado, onde aparecem autores brasileiros e estrangeiros. Com alegria, aí deparei-me com os excelentes Ana Maria Clark Peres, que assina “O infantil na literatura”, e Bartolomeu Campos de Queirós, de “Sobre ler, escrever e outros diálogos”.
De distribuição gratuita e disponível em formato eletrônico com recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual, “O livro das perguntas” aborda questões fundamentais para que os pais, os professores, os bibliotecários e os mediadores de leitura reflitam sobre como promover, junto às novas gerações, o gosto pela leitura. A tarefa não é fácil, como sabemos. Num mundo de inúmeros apelos, em que o “mercado da atenção” é disputado com ferocidade por grandes corporações globais, de que são exemplos as plataformas de streaming, as redes sociais e os serviços de mensagens, o encontro de crianças e adolescentes com a literatura só se realiza se os estímulos forem muitos e se ambiente for bastante favorável.
Numa das passagens mais importantes do livro, as autoras dão uma boa pista sobre como abrir esse caminho: “Em casa, a leitura pode se tornar uma experiência de encontro entre pequenos e grandes. Não há receitas nem mesmo recomendações, com exceção da presença ativa e da escuta atenta, pois nesse momento o que importa é o que crianças e adultos dividem ao ler um livro ou ao contar e ouvir histórias. Nesse ambiente, dos adultos não é exigido qualquer preparo para ler com filhos, netos, sobrinhos e irmãos; basta que se disponham a oferecer seu tempo e sua atenção às crianças. Em qualquer lugar e momento em que adultos e crianças possam estar juntos, as histórias e os livros podem ser conhecidos, explorados e descobertos sem exigências prévias”.
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