Viver em Voz Alta

Nos noventa e um anos do DIÁRIO DO COMÉRCIO

Graduei-me em direito. Fiz mestrado em direito. Obtive o diploma de Estudos Avançados em Direito Internacional e Relações Internacionais na Universidade Autônoma de Madri. Lecionei disciplinas como “Direitos Humanos”, “Direito Constitucional” e “Legislação da Comunicação Social”. Tenho imensa estima e total respeito pelas ciências jurídicas, patrimônio da civilização humana. Sem o império da lei, caímos no autoritarismo, senão na barbárie. A dignidade da pessoa humana e a sua plena cidadania são garantidas somente no estado democrático de direito. Por isso, todo mundo deveria aprender noções básicas de direito ainda nos seus anos de formação, nos bancos escolares. Tomara que um dia as autoridades educacionais despertem para essa necessidade. Isso resultaria, seguramente, num salto qualitativo formidável no nível cultural e político da população.

Mesmo sabendo de tudo isso, não fui, no entanto, capaz de conter outra grande paixão profissional: o jornalismo, curso que concluí em 1995. Se o direito é um dos pilares da sociedade democrática, a livre imprensa e os valores que a embasam (liberdade de pensamento, liberdade de expressão…) dão o ambiente em que ela floresce e prospera. Não há sociedade emancipada e forte sem o debate amplo, franco e responsável sobre os assuntos que mobilizam a existência humana. Não há povo esclarecido sem o devido acesso a múltiplos meios de informação, naturalmente regidos pelo interesse público e o bem comum, o que implica a observância rigorosa dos direitos de todos, seja à sua honra, seja à sua reputação ou à sua imagem.

Já formado, tive a alegria de trabalhar em veículos como o saudoso Canal 23 (quando se dedicava apenas às notícias, sob a liderança dos mestres Alberico Sousa Cruz e Lauro Diniz), a Rede TV!, a PUC TV (idealizada por Sandra Freitas) e a Rede Minas (onde apresentei o “Rede Mídia”, a convite de José Eduardo Gonçalves). Em todos, aprendi muito – com chefes competentes e generosos. Em todos, conheci colegas excelentes, até hoje brilhando em diferentes redações. Serei para sempre grato ao percurso que fui capaz de trilhar até aqui. Hoje, especialmente, preciso destacar uma experiência preciosa, que cultivo, com gosto, desde 2016: a escrita semanal de “Viver em voz alta”, publicada toda sexta-feira no mais que nonagenário DIÁRIO DO COMÉRCIO, o nosso querido jornal. Mais que uma oportunidade para aperfeiçoar o texto, a coluna me oferece a chance de refinar ideias e pontos de vista, e, ainda, de desenvolver raciocínios mais extensos sobre os temas em torno dos quais sempre giram as minhas fabulações: a cultura e a cena cultural, a Literatura, os livros e seus autores, sobretudo os contemporâneos, sem excluir, é claro, algumas crônicas descomprometidas sobre o cotidiano e as coisas aparentemente banais…

Nada mais justo, portanto, que celebrar os noventa e um anos do jornal que com tanta receptividade me acolheu, desde o primeiro dia. Referência de credibilidade e seriedade na imprensa brasileira, o DIÁRIO DO COMÉRCIO é voz que ouvimos com interesse e reverência. Que a sua mensagem continue a circular, no Estado e no País, por outros noventa e um anos, e mais, e mais…

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