O novo livro de Manoel Hygino dos Santos
Mineiro de Montes Claros, onde nasceu em 1930, Manoel Hygino dos Santos é jornalista e escritor. Atual ocupante da cadeira de número vinte e três da Academia Mineira de Letras, foi eleito na sucessão do saudoso jurista Raul Machado Horta. Secretário de Comunicação do governador Israel Pinheiro, publica seus argutos textos na imprensa de Belo Horizonte e de sua terra natal há mais de sessenta anos. Entre seus mais de trinta livros, figuram “Vozes da terra – contos e crônicas” (1948), “Considerações sobre Hamlet – ensaio histórico-literário” (1965), “Rasputin – último ato da tragédia Romanov” (1970), “Governo e Comunicação” (1971), “Sangue em Jonestown – uma tragédia na Guiana” (1979) e “Santa Casa de Belo Horizonte – Uma história de amor à vida” (2005). Dono de larga trajetória na instituição (onde foi assessor de imprensa do provedor Celso Mello Azevedo, ouvidor e, agora, coordenador do Centro de Memória e Documentação, batizado em sua homenagem), produziu documento precioso para entendê-la, gerando fonte indispensável a todos os que se interessam pela atuação dos estabelecimentos filantrópicos de saúde do estado.
Incansável, lançou, recentemente, “São Lucas, o Hospital: 100 anos de assistência à saúde” (Edição da Santa Casa, 116 páginas). Com o apoio das competentes pesquisadoras Julieta Petruceli e Silvana Aires, presenteou os leitores com informações fundamentais sobre o São Lucas, desde a sua fundação até os dias de hoje.
Na apresentação da obra, o acadêmico Humberto Werneck, neto do seu fundador, o dr. Hugo, relembra fato curioso a respeito do São Lucas. Nele residiu a mãe do poeta Carlos Drummond de Andrade: “Viúva e já sem filhos que cuidassem dela, dona Julieta Augusta, ainda em gozo de saúde, como se usava escrever nas cartas, encontrou abrigo não em hotel, mas naquele hospital. Entrou em 1931 e só saiu para morrer, 17 anos mais tarde, na sua Itabira”.
O livro relembra também os primeiros investimentos de Belo Horizonte em equipamentos de saúde, desde o surgimento da Santa Casa, em 1899: “Em 1912, inaugurara-se o posteriormente denominado Asilo Afonso Pena, na rua Domingos Vieira, hoje Instituto Geriátrico Afonso Pena, para a velhice desamparada e, em 1916, a Maternidade Hilda Brandão, na rua Alvares Maciel. Em 1914, assinou-se o contrato com a Faculdade de Medicina de Minas Gerais para utilização de algumas de suas enfermarias para ensino médico aos universitários”.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Em outro ponto, ele dá o contexto da construção do São Lucas, ainda mais desejada depois que a terrível gripe espanhola deixou espesso rastro de morte na então jovem capital de Minas. O autor registra o momento de sua inauguração: “O belo filho se erguia na Francisco Sales com Ceará (…) O governo implantara os institutos Raul Soares e do Radium, grandes nomes das clínicas médicas e cirúrgicas se revelavam. O tempo não parava, nem o sentimento empreendedor dos mineiros.”
Depois de referir-se a todos os seus diretores (entre eles Dario de Faria Tavares), Manoel Hygino dedica capítulo especial a contar como o São Lucas bravamente enfrentou a Covid-19, renovando sua dedicação à boa medicina, especialmente no momento mais crítico vivido pelos brasileiros nas últimas décadas.
Ouça a rádio de Minas