Viver em Voz Alta

Saiba quem são os novos membros da Academia Mineira de Letras

Conceição Evaristo e Carlos Hercaluno Lopes ocuparão as cadeiras de número 40 e 37, respectivamente

Nascida na favela do Pindura Saia, em Belo Horizonte, Conceição Evaristo apaixonou-se pela literatura ouvindo as histórias contadas por sua mãe, Joana Josefina Evaristo. “Cresci rodeada de palavras”, sempre diz. O amor pelos livros foi consequência natural e aflorou quando começou a frequentar a Biblioteca Pública Estadual, na Praça da Liberdade, ainda muito menina. Ao gosto pela leitura juntou-se o prazer de escrever. Os primeiros textos premiados foram já no curso primário. O interesse pelas coisas da Educação se estabeleceu bem rápido. Mudando-se para o Rio de Janeiro em 1971, Conceição começou a lecionar na rede pública de ensino, e, a partir de 1999, na Universidade Federal Fluminense. Sem nunca parar de estudar, fez a Graduação, o Mestrado e o Doutorado em Letras. Ao lado da vida acadêmica, manteve a atividade literária, presenteando o público, entre outros, com volumes como “Ponciá Vicêncio” (2003), “Becos da memória” (2006), “Insubmissas lágrimas de mulheres” (2011), “Olhos d’agua” (2014) e “Canção para ninar menino grande” (2022), um de seus mais recentes lançamentos. Homenageada pelo Prêmio Jabuti, em 2015, e ganhadora do Troféu Juca Pato de Intelectual do ano de 2023 (concedido pela União Brasileira dos Escritores), Conceição foi eleita, no último dia 15, para a cadeira de número 40 da Academia Mineira de Letras na sucessão da saudosa professora Maria José de Queiroz.

A posse de Conceição será em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. O discurso de recepção a ela será feito por Antonieta Cunha e o distintivo lhe será entregue por Ailton Krenak.

Na última quinta-feira, dia 22, a Casa de Alphonsus de Guimaraens elegeu Carlos Herculano Lopes para a cadeira de número 37, vaga desde o falecimento do saudoso e querido Olavo Romano. Natural de Coluna, na região do Vale do Rio Doce, Herculano mudou-se para Belo Horizonte ainda jovem, para estudar no tradicional Colégio Arnaldo. A vocação para o jornalismo se manifestou rápido, levando-o a trabalhar no suplemento literário do antigo “Jornal de Minas”, e, posteriormente, no “Estado de Minas”, onde assinou reportagens, entrevistas e, por quatorze anos, uma crônica semanal, no espaço antes ocupado por Roberto Drummond. Sua estreia na Literatura se deu em 1980, com a publicação de “O sol nas paredes”, um volume de contos editado de modo independente. Depois, vieram outros, produzidos com o mesmo apuro, e que acabaram conquistando boa repercussão e traduções para a tevê e o cinema.

Entre os romances, os ótimos “A dança dos cabelos”, “Sombras de julho”, “O último conhaque” e “Poltrona 27”, sem falar em “O Vestido”, genial recriação, em prosa, do poema “Caso do vestido”, surgido em 1945 no livro “A rosa do povo”, de Carlos Drummond de Andrade. Ganhador do Prêmio de Literatura Cidade de Belo Horizonte, em 1982, Herculano também conquistou o Prêmio Lei Sarney, em 1988; o Prêmio Guimarães Rosa, em 1990; a Quinta Bienal Nestlé de Literatura, em 1997, e o Prêmio Jorge Amado, em 2002, pelo conjunto da obra, além de ter chegado a finalista do Jabuti, em 2005. De trato elegante, ameno, suave, cordial, Carlos Herculano encarna, como poucos, o chamado “espírito acadêmico”, sempre aberto à pluralidade e à riqueza que as relações humanas podem proporcionar.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas