Carteiras digitais, Identidades Soberanas e a digitalização da CIN
O mundo vive uma revolução silenciosa, mas profundamente transformadora, à medida em que avançamos na era digital. Recentemente, um anúncio oficial do governo federal revelou mais uma importante etapa deste processo: a digitalização da Carteira de Identidade Nacional (CIN) no Brasil.
Após a implementação das urnas eletrônicas, em 1996, demarcando o espírito pioneiro e a vocação brasileira para a inovação tecnológica em cenário global e, mais recentemente, o desenvolvimento do Drex (ou Real Digital X), a versão digital do real brasileiro, agora é a vez do famoso RG.
O Brasil vai emitir documentos de identificação digital para seus mais de 214 milhões de cidadãos usando infraestrutura Blockchain em 2023 e está prestes a se tornar um dos primeiros países a implementar identidades digitais seguras e verificáveis em uma escala tão ampla. A decisão de utilizar a plataforma b-Cadastros para a emissão da CIN é pragmática, uma vez que as características inerentes a essa tecnologia (segurança, imutabilidade e descentralização) garantem que os dados pessoais dos cidadãos sejam protegidos contra vulnerabilidades, fraudes, violações, falsificações e abusos.
A digitalização das identidades pode trazer inúmeros benefícios, desde o aumento da eficiência no serviço público e da transparência na implementação de políticas públicas até o combate direto ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e à corrupção no País, solidificando o posicionamento do Brasil como líder em digitalização e descentralização e colocando o país na vanguarda da criação de aplicações práticas que garantem a realização do potencial transformador dessas tecnologias.
A introdução da nova CIN destaca a relevância das Identidades Auto Soberanas e a expansão dos serviços oferecidos pelas carteiras digitais, juntamente de sua popularização crescente, devolvendo aos usuários a propriedade sobre seus dados pessoais e o controle sobre a forma como eles são utilizados na internet, sobre as suas interações e identidades digitais.
Podemos imaginar um mundo onde, com um simples toque, você possa acessar sua identidade, seus documentos, títulos e credenciais educacionais, comprovantes de vacinação, comprovantes e certificados diversos, como cartões dos clubes de assinatura e programas de fidelidade dos quais faz parte, seus ativos digitais, seus dados bancários, seus históricos de pagamento, suas contas e contratos ou as suas chaves e o acesso de sua residência. Tudo em um único lugar, de maneira unificada.
E o Brasil está mostrando ao mundo que isso não é apenas uma visão futurista, mas uma realidade iminente. Estamos vendo uma tendência global de adoção de carteiras digitais que vai muito além dos pagamentos e das transações financeiras ou do simples armazenamento de ativos e dados bancários. A possibilidade de armazenar informações, realizar interações ou enviar mensagens e verificar identidades ou fazer conexões seguras faz das carteiras digitais um gateway de acesso, servindo como forma de cadastro, login e acesso a diversas páginas, aplicativos e sites em geral. Tudo isso em uma única plataforma digital, tal qual fazemos hoje com nossas contas de e-mail.
A nossa atividade on-line passou de uma experiência fragmentada (na primeira geração da internet), com diversas contas e senhas em sites diferentes, para uma experiência custodiada ou associada (na segunda geração da internet), na qual utilizamos as contas controladas por grandes conglomerados de tecnologia centralizados (Google, Apple, Meta ou Microsoft) como nossas principais chaves de acesso para páginas, softwares e plataformas diversos. E chegando agora à terceira geração, centrada nos usuários, onde redes, servidores e registros descentralizados colocam as pessoas no poder novamente, independentemente de corporações, governos e outras organizações ou intermediários.
O futuro das carteiras digitais sugere uma adoção global, com interoperabilidade real e integração total com outros sistemas tecnologias, como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e redes de pagamento internacionais.
A tendência é clara. O mundo está caminhando para uma era onde uma única plataforma digital pode armazenar e gerenciar uma vasta gama de serviços e informações essenciais para os cidadãos. Seja através dos chamados SuperApps, ou das tendências de finanças integradas (Embedded Finance) e dos aplicativos Omnichannel, os usuários desejam uma experiência integrada.
Você não quer ter que inserir seus dados bancários toda vez ou aguardar 48 horas para a confirmação de um pagamento ou da validade de um documento nem quer ter de ficar migrando entre diferentes aplicativos e contas bancárias, fazendo login e lembrando de sua conta, suas senhas e credenciais todas as vezes, sempre que acessar uma nova plataforma ou iniciar uma nova experiência digital e ter de carregar todos os seus cupons de fidelidade e cartões de desconto, documentos e certificados ou escrituras por aí. Ou levando o seu diploma e suas credenciais embaixo do braço toda vez que participa de uma seleção, se você pode tiver isso tudo em mãos, em um único lugar, de maneira segura e verificada.
Carteiras e identidades digitais têm um enorme potencial de interoperabilidade entre diferentes plataformas ou mesmo entre regiões geográficas e entre países, possibilitando experiências verdadeiramente integradas e globalizadas ou menos fragmentadas. Com códigos abertos e sem permissão e padrões de APIs abertas, uma verdadeira integração unificada pode estar cada vez mais próxima! E você já está preparado para ter os seus documentos guardados em uma carteira digital!?
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