EDITORIAL | Como fazer a diferença

Levantamento da Abrasel MG, já publicado neste jornal, revela que 58% dos bares e restaurantes no Estado não terão condições financeiras de liquidar pontualmente a folha de pagamentos de seus funcionários, que vence na semana que entra. Consequência previsível do funcionamento irregular e precário do setor por mais de um ano, por conta das restrições impostas pela pandemia.
Ao lado do sistema hoteleiro, atividades correlatas ao turismo, eventos e área cultural, que tem peso relevante na economia e, sobretudo, na oferta de trabalho, o setor assistiu ao colapso de milhares de estabelecimentos e os que estão de pé não sabem por quanto tempo mais resistirão. Acontece em Minas, acontece no Brasil inteiro, evidentemente afetando mais duramente os pequenos negócios.
Coincide com a divulgação desse quadro, para muitos, patrões ou empregados, de completo desespero, o anúncio de que o programa Recomeça Minas, liderado pela Assembleia Legislativa começa, depois de ouvidos agentes econômicos das principais cidades e regiões do Estado, a ganhar contornos mais definidos. O objetivo é preparar o Estado para a retomada da economia, envolvendo desde auxílio monetário à parcela da população que vive abaixo da linha da pobreza, até a renegociação de dívidas tributárias, desonerações para os mais frágeis e facilitação de acesso ao crédito.
É o que, minimamente, se pode esperar e desejar nas condições que se apresentam, algo que por certo não diz respeito apenas à esfera estadual. E neste processo é fundamental que exista, o que será inédito, senso da realidade e, consequentemente, disposição verdadeira de fugir do convencional, do cardápio trivial para, de fato, dar suporte à retomada dos negócios e a geração de empregos, fazendo girar as rodas da economia.
Uma situação diferente, inédita nas suas proporções, que deve e precisa ser tratada também de forma diferente, em termos em que o prometido auxílio não venha a se transformar em novo e ainda maior problema. Experiências pretéritas, em condições muito menos dramáticas, falharam exatamente porque faltou senso de realidade e aos supostos favorecidos na prática foi exigido o impossível.
Como temos dito, ao lado de tantos outros, que seja diferente agora, num processo que, mais que recuperação, seja de transformação.
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