Compromissos de neutralidade de carbono

Movimentos, como a Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP 26), demonstram que as empresas e organizações das diversas cadeias de valor estão cientes de suas responsabilidades e que adotam práticas de sustentabilidade em suas estratégias. Adicionalmente, na mais recente edição da pesquisa CEO Survey, realizada há 25 anos pela PwC e publicada em janeiro de 2022, que entrevistou CEOs por todo mundo, entre outros tópicos abordados, como crescimento econômico, riscos para economia e indicadores de confiança no mercado, teve, neste ano, um grande foco na temática ambiental e compromissos ESG (Environment, Social and Governance), pela relevância do assunto atualmente.
Segundo a pesquisa, 31% dos CEOs brasileiros afirmam que possuem compromisso de carbono neutro comparado com 26% dos respondentes globais. Em relação ao Net Zero, 27% dos líderes brasileiros disseram que suas organizações assumiram algum compromisso, comparado com 22% dos líderes globais. Sobre o conceito da neutralidade de carbono, esse compromisso é alcançado quando nenhum equivalente de dióxido de carbono é adicionado à atmosfera por uma organização, empresa ou país. Isso pode envolver a eliminação de emissões, a compensação delas ou uma combinação de ambas. No caso de ser Net Zero, significa não adicionar novas emissões à atmosfera, diz a Organização das Nações Unidas, no entanto, alcançar o status Net Zero é bem mais complexo, pois envolve também a eliminação das emissões indiretas geradas por toda a cadeia de valor, incluindo fornecedores e clientes.
Os resultados da CEO Survey mostram que as organizações brasileiras estão concentrando mais energia para endereçar questões de descarbonização do que a média global. O impacto disso é extremamente positivo para o País, já que as novas exigências de consumidores e investidores buscam priorizar empresas que adotem estratégias e modelos de negócios que incluam temas de governança, sociais e ambientais.
Existem diversos fatores que influenciam as empresas a adotar ações e firmarem compromissos de descarbonização da economia. O principal fator de influência por trás dos compromissos Net Zero é atenuar os riscos das mudanças climáticas, para 68% dos CEOs brasileiros e 62% dos globais. No Brasil, ele aparece à frente da necessidade de estimular inovações, de satisfazer as exigências dos investidores e atender às expectativas dos consumidores. No mundo, o segundo fator é atender às expectativas dos consumidores.
Dos CEOs brasileiros que não se comprometeram com a neutralidade de carbono ou a eliminação de emissões de gases do efeito estufa, 58% dizem que emitem pouco; 62%, que não têm competências adequadas e 63%, que seu setor de atuação não tem uma estratégia de descarbonização. Para garantir o futuro do planeta e o bem-estar da humanidade é necessário construir vínculos sólidos de confiança entre organizações, a sociedade e o meio ambiente. De acordo com a pesquisa, quanto maior a confiança do consumidor, mais otimista é o CEO em relação ao crescimento de receitas e maior o compromisso com o Net Zero.
Desse modo, sem atitudes ousadas dos CEOs, o progresso em relação aos problemas mais desafiadores da sociedade será limitado. A pesquisa deste ano ressalta as pressões crescentes que esses líderes enfrentam. Os imperativos financeiros de curto prazo continuam críticos, enquanto as demandas sociais exigem mais atenção. Nesse contexto, será preciso priorizar ações para gerar os resultados sustentáveis que os stakeholders exigem cada vez mais.
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