Opinião

Comunicação simples e eficiente

Comunicação simples e eficiente
Crédito: Freepik

O objetivo da comunicação é o de deixar uma mensagem firmemente fixada na mente do público ou, melhor, dos públicos. Quando falo de públicos quero já introduzir uma dimensão fundamental no marketing e da comunicação: a segmentação. É fato que não existe um único público e sim, vários. É preciso ter uma visão muito clara de como dividir os seus públicos-alvo em segmentos e tratá-los de forma distinta.

Uma coisa é falar para a imprensa e para o chamado público “formador de opinião”, mais escolarizado e com mais interesse pela política. Ou, até mesmo, para um segmento específico, por exemplo, de médicos, de advogados, de servidores públicos ou de um sindicato como os metalúrgicos, que tem capacidade um pouco maior de entender o que você está dizendo ou interesses mais definidos e mobilizáveis.

Mas as bases eleitorais da maioria dos políticos são compostas por gente simples, com menor capacidade cognitiva de processar mensagens. Para eles, a comunicação precisa ser outra – bem mais simples. Um erro muito comum, tanto em mandatos do Legislativo (senadores, deputados federais, estaduais e vereadores) e também em boa parte dos Executivos, é a utilização de uma comunicação única, para todos, sem distinção. É absolutamente necessário segmentar os públicos. E distribuir os conteúdos criados em canais e mídias diferentes.

Quando existiam apenas meios de comunicação de massa, como TV, rádio, jornais, revistas, era possível segmentar os públicos em função dos perfis de audiência de cada veículo. O valor para atingir a todos (custo por mil) de um grande veículo acabava compensando. Hoje é diferente. Com as redes sociais e os aplicativos de mensagens, é possível se aprofundar muito mais as bases da segmentação e a um custo mais baixo. Um mandato de um parlamentar, por exemplo, pode utilizar a rede social direcionando mensagens e conteúdos diferentes para cada um dos seus públicos, fazendo uso de planos de mídia mais complexos através de tráfego pago ou utilizando dark posts – que só aparece para um público específico e não aparece para outro além de não figurar no feed da rede social.

Já mostrei em um dos últimos artigos, as diferenças enormes que existem em termos de hábitos de mídia quando se segmenta os jovens dos mais velhos, ou mesmo quando se separa as pessoas por escolaridade. Quanto mais se conhecer as diferenças entre estes públicos melhor será a comunicação. É sempre bom repetir: comunicação é o que a pessoa entende, não o que a gente fala. O foco precisa estar no receptor. Ocorre que boa parte da comunicação está centrada no emissor (focada apenas naquilo que você está interessado em falar) e poucos são os que se importam verdadeiramente se a mensagem está ou não sendo compreendida pela audiência. No caso da comunicação para um membro do Legislativo, não adianta falar em PL, PLC, PEC, resolução, emenda, substitutivo.

Para a maioria esmagadora da população isso não diz absolutamente nada. Tem que ser bem mais didático. Você quer que sua informação chegue, seja efetiva, não é mesmo? Então, fique ligado em como a mensagem é compreendida – o segredo da comunicação está aí! O que realmente importa para um governo ou um parlamentar é dizer para os públicos, de forma clara e simples, o que o seu trabalho (uma ação, projeto, recurso de emenda ou uma política pública) mudou ou melhorou na vida das pessoas. E como muitas vezes as ações, também, são segmentadas, beneficiam uma rua, um bairro, uma parte da cidade ou uma determinada clientela, é fundamental segmentar a comunicação.

Ou seja, a comunicação indiscriminada, de massa, é útil apenas quando toda a população é atingida ou beneficiada. Acredito que o ego humano tenha uma boa parcela de culpa nesta história. As pessoas parecem acreditar que a sofisticação na linguagem as torna mais importantes. Ou pior, algumas pessoas utilizam a linguagem sofisticada como símbolo de status para impressionar as outras. Em algumas categorias profissionais isso fica muito evidente, como na área jurídica, na medicina, ou mais recentemente, nos negócios e na tecnologia, com um excesso de palavras técnicas ou em inglês.

Para fechar, vamos listar algumas dicas de comunicação simples: Use palavras do dia a dia, palavras com significado preciso; Prefira sempre palavras simples. Lembre-se de que a palavra correta – aquela que é; instantaneamente reconhecida e compreendida pelo público – é sempre a mais simples e a melhor para ser empregada. Utilize frases e textos curtos. Deixe de lado as palavras e as frases vazias. Vá direto ao ponto, não enrole. Quanto mais curto, mais efetivo. Escreva como se fala. Quanto mais coloquial, melhor; Use a ordem direta: sujeito + verbo + complementos; Se precisar usar uma palavra difícil, destaque e explique o significado; Utilize os recursos visuais que facilitem a compreensão como desenhos e esquemas (mas sem complicar). Evite abreviações e siglas; Evite palavras estrangeiras ou estrangeirismos; Evite palavras técnicas e figuras de linguagem; E seja repetitivo – sem frequência e repetição nada se fixa ou é memorizado; Utilize os veículos de comunicação de forma que um reforce e complemente o outro (crossmídia). Por exemplo, a mensagem do filme da TV, aparece novamente no outdoor, no post da rede social e chega no vídeo do WhatsApp. Busque estudos sobre os hábitos de mídias de cada um dos públicos; E antes de mandar a mensagem faça uma validação. Validar significa testar se a mensagem é compreendida na prática. Para fazer isso, junte pessoas com o perfil do seu público-alvo e peça para que elas avaliem e comentem o que acharam, o que elas entenderam. Se está tudo ok, distribua. Se não, ajuste até ficar compreensível. O resumo: segmentar seus públicos, simplificar a mensagem, ser didático e ter foco no que o receptor é capaz de entender. Parece simples? E é. Dá trabalho? Dá! Mas este é o caminho para a comunicação eficiente.

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