Opinião

Cousas e lousas

Cousas e lousas
Crédito: Freepik

Cesar Vanucci*

“… Não têm como tomar banho.” (Celso Russomano “explicando” a razão pela qual pessoas em situação de rua estariam, supostamente, apresentando volume menor de casos de contaminação por Covid-19)

  • As temidas milícias da ex-Cidade Maravilhosa de São Sebastião do Rio de Janeiro resolveram ampliar seu raio de atuação. Passaram a cobrar, nas regiões em que mantêm ativos núcleos operacionais, “taxas de proteção” até de malabaristas de rua. Em seu afã “arrecadatório”, além de comerciantes estabelecidos, achacam ambulantes, camelôs, pipoqueiros, flanelinhas e por aí vai… Os integrantes dessas falanges são egressos, em boa parte, da banda podre policial. Ao longo dos anos, desafiando despudoradamente diferentes gestões administrativas, contando com o apoio “penumbroso” em redutos poderosos, as milícias representam um sinal de truculência e barbárie incompatível com o Estado democrático de direito.

Recentemente, estudiosos dos problemas da criminalidade, que afetam ferozmente plagas guanabarinas, afiançaram que os milicianos se acham infiltrados, de tal maneira nas regiões em que impunemente circulam, a ponto de, até mesmo, influenciarem escolhas de pessoas para o desempenho de funções públicas. Na hora presente, participam abertamente da campanha eleitoral. Valha-nos Deus, Nossa Senhora!

  • Volta e meia alvejados por fatores nocivos que remetem às injustiças sociais vigorantes neste mundo desfalcado de humanismo, os idosos se veem confrontados, agora, por força do surto pandêmico, com cargas adicionais de problemas a pesar-lhes sobre os ombros. As oportunidades minguadas de emprego, o desemprego propriamente dito são situações extremamente desassossegantes que se mostram ainda mais aguçadas, afetando em cheio a vida do pessoal de idade elevada. De nada valem, sabido é, melhor conhecimento das coisas, as experiências acumuladas em diversificadas modalidades de labor físico e intelectual. Os riscos à saúde, apontados frequentemente nos alertas preventivos oficiais, somados a manjados preconceitos quanto à possibilidade de aquisição da tecnologia de trabalho executado remotamente, constituem – com clara evidência – elementos excludentes na contratação ou reabsorção de mão de obra nas faixas etárias mais elevadas. Disso decorrem forçosamente as aposentadorias compulsórias com pesados desgastes emocionais.
  • Num gesto de solidariedade social que deve ser, certeiramente, o mais generoso de quantos (e são muitos, mercê de Deus!) até aqui registrados no âmbito da iniciativa privada, o Itaú/Unibanco destinou R$ 1 bilhão para assistência às comunidades carentes nesta hora de pandemia. Da gestão dos recursos ficou encarregado um conselho de notáveis.
  • O candidato a prefeito de São Paulo Celso Russomano (Republicanos), focalizando problemas enfrentados pelos moradores de rua face à Covid-19 resolveu dar “magnífica contribuição” ao FEBEAPA (Festival de Besteiras que Assola o País). Abre aspas: – Temos casos pontuais e não temos uma quantidade imensa de moradores de rua com o problema do corona. Talvez eles sejam (os moradores de rua) mais resistentes do que a gente, porque convivem o tempo todo nas ruas, não tendo como tomar banho… Fecha, bem rápido, aspas.
  • Acusando-os de responsáveis pelo envenenamento, num aeroporto da Sibéria, do opositor russo Alexey Navalny, chanceleres da União Europeia anunciaram sanções ao presidente da Bielo-Rússia, Alexander Lukasheek e algumas autoridades russas cujos nomes não foram de imediato declinados. Como se recorda, a vítima do envenenamento, adversária do todo-poderoso Vladimir Putin, andou tomando um chá de “amargo sabor”, quando seguia viagem para Moscou. O chá continha, conforme especialistas, um agente químico amiúde utilizado para defenestrar do palco político oposicionistas dos próceres do Kremlin. Alexey sobreviveu ao atentado, recebendo tratamento num hospital alemão, para onde foi conduzido, às pressas, por parentes e amigos. Junto com as sanções, os chanceleres europeus solicitaram do atual “tzar” russo “uma explicação” convincente. Nos círculos diplomáticos internacionais tem-se como absolutamente certo que um silêncio sepulcral será a resposta ao pedido de explicações, como é de molde acontecer, em histórias similares, parte delas com vítimas fatais.

*Jornalista ([email protected])

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