Critique menos e faça mais

*Por David Braga
Se falamos tanto em inovação dentro das organizações, é vital tratarmos de uma conduta que precisa ser cada vez mais explorada e incentivada no ambiente corporativo: a discussão de ideias. Parece algo simples e até mesmo legal, mas costuma incomodar líderes e pares. Afinal, alguns gestores não gostam de dar vazão à criatividade de seus liderados, ou seja, muitos temem que eles possam apresentar ideias e soluções melhores que as suas.
Há um outro perfil de profissional que não gosta de receber críticas quanto à sua performance ou aos resultados que têm apresentado à empresa. Todavia, quando bem gerenciados, os debates sobre pontos de vista ou troca de ideias em grupo podem levar à transformação, seja dos processos e do modus operandi, seja do comportamento dos colaboradores ou do próprio business. Vamos lembrar que inovar não é exclusivamente adotar novas tecnologias, mas, sim, melhorar aquilo que você faz todos os dias: tanto para entregar com mais agilidade quanto para gerar menos custos.
Usualmente, profissionais críticos são atentos a detalhes, realizam suas atividades com esmero e com foco em qualidade e não aceitam apresentar projetos medíocres. Eles questionam o status quo e, consequentemente, tiram as pessoas ao seu redor da zona de conforto, o que pode gerar alguns incômodos. Entretanto, sabemos que o mundo está no contexto “vuca” há tempos, ou seja, volátil, incerto, ambíguo e complexo. Logo, promover mudanças constantemente é vital.
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Por outro lado, é importante ter em mente que a vida pede equilíbrio. Assim, você deve dosar críticas e observações mais assertivas, para que não seja o profissional chato, que sempre vê defeitos em tudo. Agindo desse modo, os colegas, inclusive, podem isolá-lo, o que seria péssimo no contexto empresarial, onde todos precisam trabalhar no coletivo. Se você tem essa postura de criticar demais, tente falar menos e fazer mais, uma vez que suas ações engajarão mais pessoas do que suas falas.
Lembre-se de que, permanentemente, somos observados e isso vai construindo nossa credibilidade e nossa imagem profissional. Portanto, a maneira como você se posiciona dirá muito sobre quem é. Pense sobre qual imagem você quer que as pessoas tenham a seu respeito – alguém que critica ou alguém que faz? Que aponta erros ou propõe soluções aos problemas do dia a dia? Alguém que coloca sempre as pessoas em questionamento ou aquele que agrega? É importante que sua ausência cause saudades e não alívio. Então, fique atento quando for promover a próxima crítica. Fale menos e faça mais: esse é o segredo do sucesso.
Como bem sabemos, atuando dentro das organizações, somos requisitados por clientes, líderes e pares a participar de muitas reuniões ao longo da semana, pelos mais variados motivos: discutir sobre os projetos, definir metas e objetivos corporativos, criar sinergia em equipe, incentivar um brainstorm – ou tempestade de ideias –, tratar do negócio e, até mesmo, aumentar a assertividade nas estratégias da empresa. Por isso saber criticar com sabedoria é de vital importância.
É sabido também que algumas lideranças geram reuniões improdutivas, que levam horas e consomem um período útil dos profissionais, sem muitas resoluções. Usualmente, são conversas sem pauta definida, com muitas pessoas envolvidas e pouca interatividade, além da falta de uma efetiva gestão do tempo.
Sendo a reunião produtiva ou não, um aspecto muito importante é a sua postura. Como você tem se portado ou se posicionado diante dos fatos e acontecimentos? Afinal, se foi convocado, é porque representa uma área, processo ou conhecimento importante para aquele contexto.
Digo isso porque tenho participado com frequência de encontros onde vejo profissionais de variados níveis hierárquicos “entrarem mudos e saírem calados”, o que, a meu ver, é péssimo. Geralmente, são profissionais mais apáticos e que não contribuem muito com a melhoria contínua das organizações. Inclusive, me questiono se eles fariam alguma falta, caso não estivessem mais na função que exercem.
Diante disso, tenha em mente que uma das competências que as empresas mais têm valorizado hoje é a atitude. Dessa forma, se posicionar de maneira adequada, ou seja, questionando, propondo soluções e mudanças necessárias é importante para que todos cresçam, seja a corporação, seja você mesmo e seus colegas. Também é com esse tipo de postura que construímos nossa credibilidade e nossa imagem profissional. Lembre-se disso em sua próxima reunião!
*CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos presente em 30 países pela Agilium Group. É conselheiro de Administração e professor convidado pela Fundação Dom Cabral, e conselheiro da ABRH-MG, ACMinas e ChildFund Brasil. Instagrams: @davidbraga | @prime.talent
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