Opinião

Cuidados da Saúde do Adolescente

Cuidados da Saúde do Adolescente
Crédito: Freepik

Entre os doze e dezoito anos, vemos nossas crianças se tornarem adultos. São anos críticos, pois carregam muitos desafios, quer sejam físicos, sociais e principalmente emocionais. Também várias são as condições de perigo à saúde que afetam essa faixa etária. Estando cônscios de sua existência, estaremos mais preparados para enfrentá-las.

Há algumas situações bem conhecidas, e outras nem tanto. Existem circunstâncias características deste período. Por exemplo, é na adolescência o período que o nariz mais cresce. Por coincidência, dadas as dificuldades do início de intensa experimentação social, proporcionalmente, em relação às crianças ou adultos, os adolescentes apresentam a maior incidência de fraturas do nariz. Trinta por cento ocorrem por violência, trinta por cento por trauma nos esportes e quinze por cento por quedas. Não é difícil adivinhar que em noventa por cento dos casos os meninos são os mais afetados. O vetor de força é duas vezes mais comum lateral do que frontal. A lesão do septo nasal causada, muitas vezes é negligenciada, o que pode trazer consequências a médio prazo, pois se sua cartilagem de crescimento for lesada e não tratada corretamente, pode haver modificação do aspecto da face e do crescimento harmônico remanescente. Assim, o diagnóstico preciso desta lesão é muito importante, pois o nariz só termina seu crescimento aos 25 anos de idade.

Os adolescentes também apresentam doze por cento das fraturas esqueléticas na faixa etária entre zero e dezoito anos, numa proporção de seis meninos para uma menina. Em três por cento dos casos, um nervo pode ser machucado durante a lesão, sendo o nervo radial no braço o mais atingido. Em dez por centro dos casos, há mais de uma fratura ao mesmo tempo que deve também ser identificada. De forma geral, as regiões mais fraturadas são o braço (próximo ao cotovelo) e o punho. De cada vinte fraturas que envolvem as cartilagens de crescimento do punho, uma poderá ter problemas em seu desenvolvimento, o que pode originar uma deformidade, ou parada de crescimento do osso em quatro por cento dos casos. A presença de um adulto a monitorar é determinante para se evitar atos de alto risco, ou intermediar os conflitos, caso eles ocorram.

O aprendizado para aprimorar as habilidades para conviver, e superar as situações estressantes, terá de ser incrementado nesta etapa. Raiva, frustração, sentimento de hostilidade nas eventuais experimentações de quebras de regras comportamentais configuram um mundo inteiramente novo de vivências. Novas sensações oscilantes de confiança relativa, transparência, fuga, ou liberdade de autonomia em relação aos genitores são lugar comum. Durante a infância e fase inicial da adolescência, a família e escola são as principais fontes de relacionamento social. Entretanto, à medida que se avança na adolescência, os amigos se tornam a maior fonte de socialização, na medida em que mais tempo de convivência é passado distante da família. A presença, o exemplo e supervisão próxima dos pais pode ter fator protetor fundamental para se evitar a oportunidade de experimentação de drogas, mesmo as mais comuns como o álcool, cigarro, cigarro eletrônico e maconha, para se citar apenas as mais comuns. A prevalência de uso imoderado de álcool na vida adulta é de quarenta por cento nos que o experimentaram e utilizaram a partir dos doze anos de idade, comparados com dezessete por cento se o início foi aos dezoito anos e onze por cento aos 21 anos. Um estudo de adicção ao álcool, de gêmeos de onze a dezenove anos, demonstrou que fatores de interação social têm uma força de 65%, enquanto a predisposição genética de 26%. Isto reforça a importância do contexto de vida, relacionamentos e valores culturais.

Outro aspecto que não se pode negligenciar na adolescência é a idade de início da vida sexual. Segundo a Organização Mundial da Saúde, sexo antes dos quinze anos de idade é fator de risco: comportamental com tendência a múltiplos parceiros, frequentemente é sem proteção e daí aumenta a incidência de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez não planejada, problemas para se atingir o orgasmo na vida adulta, depressão e baixa autoestima. Valores familiares, culturais, religiosos e sociais têm papel importante nas atitudes, com pesos diferentes para os gêneros. Quando se escuta o coro de milhares de jovens embalados por Felipe Araújo em “Espaçosa Demais”: “-tem mais gente no meu coração, mamãe tá num cantinho, papai apertadinho, tem amigo indo parar lá no pulmão…” se toma conhecimento da dimensão atual deste fenômeno. Em nós, pais, nunca se apaga a esperança da frutificação da boa semente plantada.

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