Cultura é tudo

“A cultura é ampliação da mente e do espírito.” (Nehru, dirigente político indiano)
Tem continuidade abaixo, como prometido, o registro de trechos do pronunciamento que fizemos, na sessão solene do dia 24 de julho, na Amulmig, por ocasião da transferência da presidência da entidade à acadêmica Maria Inês de Moraes Marreco.
“Demo-nos de nós, conscientes de nossas limitações, o melhor em esforços e boa vontade, nos mandatos que nos foram confiados. Procuramos manter o compasso vibrante, entusiástico, imprimido por dinâmicos e brilhantes confrades nas administrações que precederam nossa atuação. Confessamos, em boa e leal verdade, nutrir certo receio de não havermos alcançado plenamente nosso intento. Consolam-nos, entretanto, os dizeres de um “ditado chinês”. Um “ditado chinês” que tomamos a liberdade de “inventar” para este momento. Segundo o “tal ditado”, aos olhares benevolentes dos deuses, o esforço bem-intencionado equivale a uma meia prece, se rezada com fervor…
Prevalecemo-nos, na hora em que transmitimos a presidência à estimada Maria Inês, de um outro dito oriental. Este, autêntico.
A sabedoria confuciana assegura que toda pessoa que alia, à inteligência fulgurante, serenidade de espírito e intrepidez, é capaz de operar prodígios. Com certeira convicção, isso se encaixa, admiravelmente, como demonstrado em invejável currículo, no perfil de nossa simpática sucessora. Suas qualificações intelectuais, seu carisma, sua aplaudida obra literária, mostram-na como líder genuína, à altura das tradições de nossa querida Amulmig.
De Maria Inês esperamos, todos nós, realizações que enriqueçam a história da entidade, agigantando ainda mais sua presença no cenário cultural das Gerais. É correto assumirmos, todos, o compromisso de ajudá-la na execução de seus projetos.
Senhores e Senhoras, a cultura é tudo! Parafraseando um “reclame” institucional televisivo que caiu no gosto popular, cultura é tech, cultura é pop, cultura é tudo! Pode-se dizer até, de modo brejeiro, aludindo ainda à paráfrase, que “agro é cultura” …
Difundir a cultura é a missão permanente de quem se dedica ao ofício das letras, em todos os tempos, mesmo em épocas marcadas por adversidades geradas pelo obscurantismo, pelos radicalismos negacionistas, pelas intolerâncias e preconceitos fundamentalistas.
Cultura é tudo! É a forma de traduzir o sentimento nacional, o sentimento do mundo, as crenças humanísticas e espirituais que conferem sentido à vida e garantem a dignidade do ser humano.
Cultura é tudo! Ocorre-nos, neste ponto, a lembrança de caso ocorrido nos tempos do fastígio nazista na Europa. O segundo na hierarquia dos sinistros “camisas pardas”, Hermann Goring, num desabafo colérico, exclamou: “Quando ouço falar em cultura, saco do coldre o meu revólver!” O humanista francês Louis Pauwels cuidou, pouco depois, de replicá-lo: “Quando ouço falar em revólver, saco logo do meu coldre minha cultura!”
A cultura é tudo! A evolução civilizatória só se processa verdadeiramente com o reconhecimento da primazia das coisas do espírito sobre o resto. A cultura tem características ecumênicas, respeita as diversidades, exalta a democracia, zela pelas liberdades públicas e pelos direitos humanos fundamentais. Sentimo-nos orgulhosos de identificar na Academia que nos acolhe uma magnifica casa de cultura!
Maria Inês,
Não lhe faltem, na missão que lhe está sendo atribuída, as bênçãos de Francisco de Assis, nosso Patrono Espiritual! Não lhe faltem, nas ações a serem encetadas, inspirações ancoradas nas crenças de cunho desenvolvimentista, democrático e republicano de nosso confrade JK – pode-se dizer – nosso “Patrono Cívico”! Não lhe faltem estímulos ditados pelos exemplos de trabalho e dedicação dos fundadores, dos presidentes eméritos, dos companheiros que, ao longo de profícua jornada, proveram a Amulmig de ideias generosas, palavras vibrantes e ações fecundas.”
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