Desenvolver passa pelo agronegócio

Benjamin Salles Duarte*
O sistema agronegócio brasileiro resulta da convergência de centenas de fatores associados numa considerável série histórica, desde a década de 1970, entre os quais as vocações regionais para plantar e criar, climas e solos diversos, acessos às inovações geradas pela pesquisa agropecuária e adotadas nos cenários rurais, fertilizantes, controle eficiente e sistemático das pragas e doenças, dependências milenares ao ciclo hidrológico e às variações climáticas que afetam o globo terrestre, e substantivos ganhos genéticos nas culturas e criações.
E mais, convergindo sistemas de distribuição e consumo de alimentos in natura e processados, agroindústrias, entre outras sinergias entre o campo, cidades e exportações, o que também geram emprego, renda, bem-estar social, entretanto, sintonizados contra a dilapidação dos recursos naturais que são desigualmente distribuídos no globo terrestre. O Saara, deserto mais quente do mundo, ocupa uma área de 9,2 milhões de km2, maior que a área total do Brasil, que soma 8,5 milhões de km2 (Google).
Esses cenários internos e externos associativos, com suas complexidades, desafios e oportunidades recomendam lembrar que o passado conhecido explicaria o presente, projetaria o futuro, que é uma hipótese a ser testada nas projeções de longo prazo, mas sabendo-se que a única coisa permanente no mundo é a mudança! Entretanto, conhecer para medir!
Faz-se necessário reafirmar que a informação deve ser transformada em conhecimento e o conhecimento em boas práticas econômicas, sociais e ambientais, sustentáveis, entre os produtores e empresários rurais brasileiros. São consideráveis e poderosos os interesses econômicos e geopolíticos que moldam o comércio por vias internas e externas.
Os exemplos se multiplicam nesse início do viger do século XXI, e a natureza, com bilhões de anos de formação, também sinaliza eventos climáticos adversos nos continentes, mares e oceanos, que podem afetar a oferta de alimentos numa perspectiva de tempo.
Além disso e noutro cenário não menos relevante “a população ocupada no agronegócio brasileiro no primeiro trimestre de 2023 somou 28,1 milhões de pessoas, conforme nova metodologia aplicada pelo Cepea/USP/CNA. Trata-se do maior número para um primeiro trimestre de uma série histórica, iniciada em 2012. Com isso, a participação do setor no total de ocupações no Brasil foi de 27%.”
Entre janeiro e junho de 2023, o agronegócio mineiro exportou US$ 7,0 bilhões para 166 países ou 36% do total exportado por Minas Gerais. O agro brasileiro, no mesmo período, exportou US$ 82,8 bilhões, destacando-se o complexo soja (49,2%); carnes(14,5%); e produtos florestais (9,0%) = 72,7% (Seapa).
Por outro lado, a “Posição do Brasil no Mercado Mundial 2022/23” é a seguinte: 1º lugar na produção e exportação de açúcar, café, suco de laranja e soja em grão; 2º lugar na produção de carne bovina e carne de frango e 1º lugar na exportação; 2º lugar na produção de milho e 1º lugar na exportação; 3º lugar na produção de farelo de soja e óleo de soja e 2º lugar na exportação; 4º lugar na produção de algodão e 2º lugar na exportação; 4º lugar na produção de carne suína e 3º lugar na exportação. A China e a União Europeia responderam por 50,4% das vendas externas, segundo o USDA/Mapa/julho 2023.
Além disso, deve ser de domínio público que muitas reformas estão sendo colocadas pelo governo e são todas indispensáveis para desburocratizar, acelerar o desenvolvimento socioeconômico sustentável, reduzir as desigualdades, ampliar a oferta de empregos, investir em Ciência & Tecnologia, educação de qualidade, ampliar a segurança alimentar, diversificar as fontes de energia limpa, dar eficiência às logísticas operacionais do campo ao mercado externo, entre outras abordagens estratégicas públicas e não governamentais; o agro é parte indissociável desse processo cooperativo juntamente com outros setores da economia.
*Engenheiro agrônomo
Ouça a rádio de Minas