Opinião

Dia Nacional do Voluntariado

Dia Nacional do Voluntariado
Crédito: Freepik

Claudia Buzzette Calais*

O Brasil tem longa tradição com a filantropia e voluntariado, que nasceram na área de Saúde, com a fundação, em 1543, da Santa Casa de Misericórdia que tinha um trabalho voluntário essencialmente feminino. De lá para cá muita coisa mudou. O perfil do trabalho foi diversificado e, nos últimos dez anos, amplamente incorporado pelo mundo empresarial como forma de contribuir com a sociedade, engajar colaboradores, desenvolver competências e melhorar o clima empresarial.

Só em 2019, o trabalho voluntário foi realizado por 6,9 milhões de pessoas, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua). E desse número, 90,7% exerceram atividade voluntária por meio de empresas, organizações ou instituições.

O cenário de 2020, em função da grande crise humanitária gerada pela pandemia causada pelo coronavirus, nos mostrou que as mobilizações de solidariedade são cada vez mais necessárias e, ainda bem, que pudemos ver essas manifestações em todos os cantos do País.

Embora o isolamento social tenha evidenciado desafios ainda não superados, o senso aguçado de responsabilidade social, especialmente no período em que estamos vivendo, faz-se mais presente. São momentos como este que reforçam a prática dos valores empáticos e de solidariedade, a fim de ajudar a minimizar os impactos dessas situações de crise nos mais vulneráveis.

No Brasil, o ambiente corporativo também se mobilizou, especialmente por meio de seus programas de voluntariado empresarial e de suas fundações e institutos, para contribuir com soluções voltadas aos desafios sociais. Na Bunge, por exemplo, a força conjunta dos mais de 700 voluntários corporativos, em 13 localidades brasileiras, tornou possível a realização de dezenas de ações voltadas para mitigar os impactos gerados pelo isolamento social nas comunidades onde já atuavam.

A tecnologia também serviu para mobilização de forma mais rápida e engajada o voluntariado. Essas ações passaram a ser feitas a distância, com a doação de cestas básicas e materiais de higiene e limpeza, por exemplo, mas também produção de vídeos e cartas com mensagens de otimismo, contação de histórias, lives com músicas e brincadeiras, entre tantas outras ações.

A frente de atuação voltada para o desenvolvimento das socioeconomias das comunidades também foram remodeladas de forma on-line por meio de aplicativo de mensagens instantâneas, com o objetivo de minimizar os impactos econômicos dos micro e pequenos e empreendedores regionalizados.

Hoje, na luta contra o tempo para cessar a Covid-19 no mundo, exemplos como estes nos mostram como as organizações têm se mostrado cada vez mais atentas para o tema responsabilidade social, tornando mais evidente a necessidade de uma maior atenção direcionada às populações vulneráveis. Tais iniciativas, além de terem como ponto central a motivação interna entre seus colaboradores, auxiliam no fortalecimento da cultura organizacional e no desenvolvimento local, trazendo para essas instituições novas responsabilidades.

É justamente o senso de urgência diante de uma crise humanitária sem procedentes que tem levado as organizações fomentarem ainda mais as ações sociais e promoverem novas iniciativas aos mais afetados, legitimando ainda mais o seu papel social. Já dizia o aclamado filósofo francês Pierre Lecomte du Noüy: “Não existe outra via para a solidariedade humana senão a procura e o respeito da dignidade individual”.

*Diretora-executiva da Fundação Bunge

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