Dimensão ambiental
Isolando-se esta última, o modelo 6D, concebido, em 1950, pelo dinamarquês Ian Larson (1878-1962) entendia a dimensão Ambiental como algo mais próximo da Ecologia Profunda – do norueguês Arne Næss (1912-2009), cuja visão era mais Ecocêntrica (centrada na natureza) que Antropocêntrica (no homem).
Larson observou que a necessidade não estava em idolatrar a natureza – mas frear o comportamento humano. Uma de suas fontes era Primavera Silenciosa (1962), livro da bióloga estadunidense Rachel Carson (1907-1964), pioneira, junto aos dois, do pensamento ecológico ocidental, ao denunciar o uso indiscriminado de defensivos agrícolas nos EUA, causando a morte de aves em escala.
Carson nunca acreditou que o uso de adubo e pesticidas pelo agrobusiness era para garantir a produção e a manutenção das safras até o consumo. Ela creditava à ganância essa motivação. Larson foi menos incisivo. Embora tenha mantido as questões da reciclagem, da recirculação e do equilíbrio ecossistêmico para o bem do próprio ser humano, incluiu na visão Ambiental a questão da ‘espacialidade urbana’, além de trazer outras cinco dimensões interativas que, a princípio, tiravam o foco do massacre à natureza em si, mas não deixava de responsabilizar as pessoas pela desarmonia.
O ser humano está na dimensão Espiritual, onde não podem faltar ética, autoconhecimento, compaixão e visão holística. A este, caberia resgatar as raízes emocionais da responsabilidade e buscar, em qualquer esfera onde atuar, o contínuo amadurecimento do senso moral, inspirando-se na utopia do equilíbrio em cada dimensão e na interação harmoniosa entre as seis – com razão e sensibilidade.
Depois das décadas de conflitos entre a Ecologia e a Economia, em 1990, nasceu, dentro de uma escola de Administração, em Londres, uma “proposta” para o ‘desenvolvimento sustentável’. Verdade seja dita, o inglês John Elkington, com seu excelente livro Canibais de Garfo e Faca (1999), autor do Modelo TBL (Tripple Bottom Line), trouxe, no mínimo, direção e águas sensatas para se refrigerar o calor da interminável guerra entre ambientalistas e empresários.
Ele acabou propondo uma forma discreta de se prescrever transparência às corporações, dificultando a corrupção e a hipocrisia de até então. Também alertou quanto à necessidade de negócios que buscassem a prosperidade Econômica, mas com qualidade Ambiental e cuidado Social. Seu modelo dos tripés (TBL) ainda vigora em muitas corporações, mas a necessidade de maior amplitude de visão acabou exumando o modelo de Larson, por ser mais intuitivo, realista e contributivo quanto à forma de fazer.
O lado bom de todos os escritos e ideias dos percussores da Sustentabilidade é que à dimensão Ambiental somaram-se novas esferas e perspectivas significantes. A recente ideia de empresas ESG (Environmental, Social & Governance), embora incompleta, é subconjunto da visão de Sustentabilidade em 6D. Em um tempo em que as chamas da ignorância política devastam paisagens mentais, o Ecocídio (destruição ambiental) e o Genocídio (trato lamentável com os índios e a pandemia) estampam as capas do noticiário.
A concepção mais completa da realidade nunca deixará de ser um tema imprescindível, qual a visão inspirada pelo novo Modelo 6D. Não se pode separar uma dimensão da outra: o modelo é indivisível. E o ser humano está – coletivamente – nas cinco dimensões que orbitam a Espiritual, inclusive na dimensão Ambiental. E a inteligência individual (da dimensão Espiritual) é quem pode disciplinar o que há de mais determinante no mundo: as atitudes. A começar por quem escolhemos para nos representar.
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