Opinião

Dimensão espiritual

Dimensão espiritual
Crédito: Freepik

Espiritualidade no modelo Sustentabilidade em 6D não é sinônimo de religiosidade. As religiões ficam na dimensão Cultural: crenças, rituais, igrejas, tradições e referências e identidade dos povos. A dimensão Espiritual aqui é o sujeito, individualmente, em sua relação consigo, com o outro e com o meio. Esta dimensão também inclui o Autoconhecimento, a Ética & a Integridade, a Compaixão e a Visão Holística. A ideia de transcendência surge na amplitude do propósito de cada indivíduo e na forma como ele nutre sua inspiração com alegria de viver.

Os valores e sentimentos nobres que cultiva, como o altruísmo, a solidariedade e a fraternidade. Atribui-se esses ao ‘senso de pertencimento’ ao múltiplo (coletivo de pessoas, sociedade, humanidade), pré-requisito para a felicidade, definida pelas relações que amplificam a vida. Nações que lideram os ‘rankings da felicidade’ (pelos indicadores dos Institutos) atribuem aos derivados da empatia os méritos do ser humano feliz. Por que se busca a espiritualidade na gestão? Porque os ambientes profissionais precisam se tornar ao menos ‘humanos’.

Tendem a ser formais, frios e por vezes duros porque a ‘competitividade’ dos mercados é transposta para as ‘relações interpessoais’ em uma confusão comum na selva capitalista com ‘competição’. A necessidade de correr deflagrada pela economia digital acabou induzindo as pessoas a transpor o tempo tecnológico para o ritmo orgânico. E a equação não fecha. A partir do estresse generalizado e da quantidade de cortisol lançada no sangue alimentam-se doenças autoimunes, ansiedade, hipertensão depressão, burn out e a lucratividade da indústria farmacêutica. Come-se mais rápido, esperam-se respostas imediatas de mensagens que sequer foram vistas pelos destinatários, dorme-se menos; exige-se inovação contínua, produtividade e lucro, mesmo quando não há mercado.

A necessidade de rigidez nas regras e padrões torna-se ainda pior no caso das indústrias, face aos padrões de saúde e segurança do trabalho, o que faz tudo mais formal. Por conta da pressa, ‘prioridades’ transformam-se em ‘urgências’ que desaguam em ‘emergências’ e isso adiciona um inflamável combustível à maratona corporativa: o ‘imediatismo’. Correr passa a ser mais importante que pensar.

Fazer sobrepõe-se a analisar e refletir. Com isso, reduz-se a eficácia, a saúde individual e a paz coletiva.

Balanços mais publicitários que contábeis põem o ‘compliance’ em xeque. A integridade e a ética, o esmero socioambiental e o cuidado humano limitam-se às políticas nas paredes ou aos fakedoors.

Ação e discurso em desalinho. No interstício da superficialidade residem riscos que deflagram crises de difícil administração. Por que alguns países já inseriram entre os CEOs, CFOs, CIOs… o CSO – Chief Spiritual Officer, conforme matéria da Revista Exame (Nov/2018)? Há de priorizar os valores inegociáveis das organizações entre os quais seu capital humano. A dimensão Espiritual vem contribuir com o equilíbrio da ‘psicosfera corporativa’, como o clima organizacional e maior afeto nas relações. Pessoas saudáveis são mais felizes e seguras, além de criarem mais. E, além de criatividade (inovar dentro do paradigma vigente), decolam em inventividade (imaginar algo nunca pesado).

Melhorando o autoconhecimento para que descubram do que realmente gostam; o que querem e o que são, oportunizam-se agentes autênticos e revolucionários, capazes de apontar a nudez do rei sem medo (sentimento este muito comum nas organizações). Há metodologias eficazes para isso e também ferramentas para a indução do ‘capital humano’ à busca de seu bem-estar e plenitude pessoal, organizacional e ‘espiritual’. A fórmula é simples: a soma de satisfações individuais = a excelência coletiva.

A única dimensão individual do modelo 6D parece a chave para lideranças e liderados sustentáveis e capazes de gerar muito mais que lucro, mas riqueza.

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