Diversidade, sustentabilidade, Diálogos DC 90 anos

Hoje gostaria de falar do nosso novo presidente: sua carta ao povo brasileiro, os desafios que terá que enfrentar, sua clareza em iniciar as conversações sobre o futuro governo, formando uma equipe de transição de peso para as articulações necessárias. Mas vou deixar para depois e entrar numa questão sumamente necessária para que todos esses movimentos possam trazer frutos concretos.
Trata-se das conclusões dos dois últimos Diálogos DC, onde se tratou justamente da distribuição da riqueza, das desigualdades sociais e da preservação ambiental, ou seja, da sustentabilidade, questões que desafiam o nosso mundo, questões-chaves da proposta do nosso novo presidente. Segundo Adriana Muls, presidente do DC, abrindo o primeiro dos debates, “…o objetivo desses debates é provocar, despertar a consciência de cada um, para que possamos, individual e coletivamente, construir um mundo melhor, propondo estratégias e ações concretas para uma sociedade justa, instituições eficazes, cidadania objetiva e democracia consolidada e estável.” O Diálogos DC faz parte do Movimento Minas 2032, articulado por diferentes esferas dos setores produtivos e da sociedade civil para a construção de uma sociedade mais justa e mais saudável (#JuntosPorMinas, iniciativa do DC). E na comemoração dos 90 anos do DC, os Diálogos DC 90 anos, realizados no decorrer deste ano trouxeram à baila questões também sumamente importantes, tais como “A qualidade da Educação e da Cultura”, “A qualidade da Inovação e da Produção Tecnológica’, “A qualidade de Vida e Ambiente” (ver DC, 4/11/2022).
Os participantes dos dois últimos Diálogos fizeram colocações instigantes e trouxeram propostas importantes. No primeiro deles, Graziela Mendes, especialista na questão da Diversidade, Equidade e Inclusão e responsável por um curso de formação consciente para os habitantes do Morro do Papagaio; Jarbas Soares Jr, procurador-geral de Justiça de Minas Gerais; Rafaela Lima, representante da AIC, juntamente com Luíza Camargos, profissional em Relações Públicas, portadora de síndrome de Down (excelente a sua contribuição). No segundo Diálogos DC, participaram Marina Spinola, diretora de Relações Corporativas da Fundação Dom Cabral; Geraldo Magela, assessor institucional das Cooperativas de MG-Ocemg e Alonso Neto, diretor de Marketing e Propósito do Social Bank. Os dois encontros tiveram como mediador o diretor do Instituto Orior, Raimundo Soares.
Ressaltada a extrema diversidade da população brasileira, não só em termos de poder aquisitivo, como ainda em termos de raças, sexo, nível de conhecimento e de maturidade, enfatizou-se também que esses segmentos não são ouvidos e seus direitos e suas crenças não são respeitados e são, simplesmente, ignorados. Destacou-se o grande impacto que esse silêncio e essa exclusão trazem para o interior das empresas e sobre o sucesso de seus negócios. Ficou claro que as empresas e suas lideranças têm que responder, com urgência, a esses desafios, com coerência: em seus discursos, na sua prática cotidiana, nas escolhas a serem feitas, atentando sempre para a importância que essas escolhas terão em toda a cadeia do negócio. O que significa uma mudança total no comportamento não só das lideranças empresariais, como do Estado, que deve estar a serviço do povo, do respeito a cada cidadão, ao sentimento e aos direitos inalienáveis da população, garantidos pela Constituição. Portanto, urge que essas lideranças sejam inclusivas e sejam movidas pela economia do cuidado (com as mulheres, as mães, a população negra, a população periférica, a população de rua, os idosos, os deficientes) e tenham sabedoria na condução do processo de mudança, que não é fácil nem muito menos confortável. Mas torna-se urgente um ambiente diverso, plural, incluso. Essa mudança exige um diálogo constante com as comunidades, propostas concretas, ações e práticas concretas. Ou seja, uma agenda clara: metas, estrutura, organização, resultados. Um novo modelo de sistema produtivo.
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O segundo debate acrescentou uma nova vertente, sumamente importante nos dias que correm: o desenvolvimento sustentável, defendido, sobretudo, em dois artigos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), instituídos pela ONU em 2015; O ODS 8, que trata do crescimento econômico sustentável, da inclusão, do emprego pleno e do produto para o bem-estar social e o ODS 12, que defende assegurar os padrões de produção e de consumo sustentáveis.
Estamos, portanto, diante de um novo modelo econômico, que deve colocar a pessoa no centro de suas decisões, dando atenção à distribuição justa da renda e da riqueza. O que exige das lideranças e de todos nós – cidadãos – a competência no mundo dos negócios, uma boa performance econômico-financeira, mas também uma competência humana: empatia e compaixão que se traduz no respeito aos direitos humanos. Portanto, em primeiro lugar, uma humanização dos líderes. Em segundo, a internalização, em cada um de nós, dessa estratégia para um novo modelo de desenvolvimento que se traduz na prática concreta por essa mudança.
As conclusões desses dois eventos – Diálogos DC – nos levam ao cerne da proposta do novo governo: reconstrução da democracia no Brasil, onde todos possam viver com dignidade, tenham acesso à saúde e à educação, à moradia, ao emprego, ao salário justo, à segurança, aos bens culturais e mostram a importância do compromisso de cada um de nós, “empresários, trabalhadores parlamentares, governadores, prefeitos e cidadãos, brasileiros e brasileiras que sonham com um Brasil mais desenvolvido, mais justo e mais fraterno”, com a reconstrução do País e a concretização de um modelo econômico que seja humano.
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