É possível mudar de carreira após 60 anos?

Atuando como headhunter, o famoso “caça-talentos”, constantemente sou questionado se é fácil promover um processo de mudança de carreira. Como diria o escritor português Fernando Pessoa, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Ainda novos somos questionados sobre o que queremos ser quando crescer. Essa pressão social para descobrir nossa vocação para o mercado de trabalho continua até que escolhemos uma carreira, na maioria das vezes, com menos de 18 anos. E na ansiedade de escolher a profissão certa, e até mesmo de agradar a família, muitas pessoas escolhem carreiras inadequadas e sem sinergia com suas habilidades. Por isso e outros fatores, cresce o número de profissionais insatisfeitos com o próprio trabalho e que buscam, na atualidade, promover mudanças.
A mudança de carreira torna-se um movimento cada vez mais natural e possível, mas para isso ocorrer é preciso se preparar. O primeiro ponto importante é a reserva financeira. Afinal de contas, se você não estiver preparado neste ponto, como bancar uma redução salarial no primeiro momento, por exemplo, se isso se fizer necessário? Lembre-se que mudar de carreira não é fácil, nem rápido, mas é possível.
Outro quesito importante é a flexibilidade, afinal, talvez você tenha que dar alguns passos para trás para fazer essa mudança tão profunda. Por isso, mudanças menos bruscas, para áreas com as quais você já tenha alguma familiaridade ou experiência, podem ser mais indicadas, assim você não precisará começar do zero. Outra sugestão é para que você faça um plano. O que quer para sua carreira daqui a cinco anos? Isso determinará inclusive quais aprendizados deve adquirir. Se você quer mudar de carreira precisa entender e ter de forma clara os seus objetivos e lembre-se que essa transformação não te prejudicará, se for bem estruturada.
Buscar novos conhecimentos, manter ativo o seu networking, além de avaliar o mercado e tendências também são fatores primordiais. E não se esqueça que autoconhecimento é uma competência fundamental para uma mudança dessa magnitude no campo profissional. Isso significa que você deve se conhecer e entender quais são os seus pontos fortes e aqueles a desenvolver. Com isso, será possível entender as chances de êxito em sua nova empreitada. E não se esqueça de que há profissionais qualificados no mercado que podem orientá-lo nesse processo.
Em um momento de constantes mudanças no cenário macroeconômico, torna-se necessária a busca por profissionais diferenciados, que possam transpor a crise, fazer com que a empresa se perpetue e gere lucro de forma criativa e humanizada. Para isso, é preciso inovar e repensar o business a todo o momento, especialmente com novas tecnologias sendo constantemente aplicadas e o público, seja de trabalhadores ou compradores, cada vez mais diverso e exigente.
As empresas que não se reinventarem, com foco na experiência do consumidor, estão fadadas à falência. Ao mesmo tempo, se o seu trabalho pode ser automatizado, esteja certo de que seu emprego está com dias contados. Somente aqueles que se tornam necessários e garantem resultados no curto, médio e longo prazos, terão espaço no ambiente competitivo das organizações, independentemente da idade.
Diante desse contexto cada vez mais incerto em que vivemos, os profissionais mais maduros, para se manter em suas atuais posições ou até mesmo conquistar outras de maior robustez, precisam continuar competitivos quanto ao conhecimento, à flexibilidade, à resiliência e à abertura mental. Saliento que não importa a idade, mas, sim, o que cada um faz com aquilo que aprendeu e o que pode ser usado de forma prática no ambiente corporativo, seja para reduzir custos, seja para aumentar o faturamento.
Portanto, estar e ser conectado, agregando pessoas com diversidade de ideias e gerações, é primordial para se desafiar como líder e construir novos resultados. Sempre de forma colaborativa, que é o novo mote das organizações. Todavia, os profissionais maduros, também conhecidos como os 60+ que ficaram parados no tempo, não buscaram novos conhecimentos e que não têm acompanhado as tendências atuais e futuras, com certeza serão os próximos a serem substituídos dentro das organizações.
É preciso se reinventar diariamente. Dentro das empresas há espaço para todos os profissionais. Inclusive os 60+, que carregam bagagem robusta de vida pessoal e de experiências profissionais e podem continuar contribuindo com as organizações. O grande ponto é: você ainda se sente um profissional que agrega valor?
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