Opinião

Ecoconsciência

Ecoconsciência

A árvore não “fabrica” mais folhas, galhos ou frutos do que o solo dá conta de processar. E nem há demanda do solo para que a árvore os forneça em cada vez mais quantidade, para que ele expanda – indefinidamente – sua fertilidade. Essas são algumas diferenças dos processos da natureza com relação aos humanos. E quanto maior o contingente de pessoas no planeta, maior a necessidade de produção.

O desejo de consumo é cada vez maior à medida que se ascende na pirâmide socioeconômica. As famílias não se contentam com apenas um veículo. Adquirem um para cada membro. Além de mais CO2 no ar, daí ainda decorrem demandas por mais garagens em apartamentos de condomínios cada vez maiores (lembrando que esgotos tratados, energia e água aumentam à essa proporção). Móveis, TVs, computadores, um celular ou mais, além de todos os desejos específicos de cada um por bens de consumo com imprevisíveis consequências.

Pensando em oito bilhões de terráqueos, imagine o caos se todos tivessem essas ambições? A conta recursos x produtos x consequências não tem fim. E o consumo, na maioria das vezes, gera resíduos não orgânicos – sequer biodegradáveis. A ecoeficiência é um dos conceitos mais importantes do desenvolvimento sustentável porque prima tanto pelo comedimento no uso de recursos naturais – de forma a dar-lhes o tempo de renovação ou reciclagem – quanto da reutilização dos outputs excedentes dos processos, retroalimentando-se o sistema que o originou, sem sobras em excesso.

A reutilização da água dos esgotos tornando-a potável está sendo uma alternativa ecoeficiente. A destinação de gases industriais a usinas termelétricas na geração de energia para que os processos se retroalimentem também. Energias limpas, como a eólica, gravitam à mesma órbita da logística reversa e os esforços de retroalimentação das cadeias produtivas, o combate ao desperdício, a economia circular e ideias congêneres têm vantagens similares. Mas, não nos iludamos: os baixos investimentos para que lixo, resíduo e sucatas retornem como inputs de sistemas por vezes limitam boas práticas. Esbarra-se também no comportamento.

Por exemplo, quantos de nós separamos o lixo seco do úmido? E quem joga o lixo no coletor correto ou não ajuda a entupir os bueiros? Quem está disposto a resistir às compras supérfluas? Veja que países desenvolvidos estão importando lixo de outros, para alimentar seus sistemas de calefação. Observe que está faltando lixo em alguns desses países!

Então, uma conclusão natural é que ecoeficiência rima com consciência e educação, pois um povo ambientalmente alfabetizado sabe que a ação individual deságua em consequências coletivas. Se nossos hábitos (dimensão Cultural) contribuem com o aumento dos gases de efeito estufa (Ambiental), ao se aquecer o planeta além do normal com efeitos catastróficos, todos serão afetados (Social).

Nossos representantes (Política) têm de fazer valer o desenvolvimento sustentável (Econômica), para que o todo fique coeso (Espiritual). Domingo temos a chance de escolher maior equilíbrio ambiental e bem-estar social; verdade política e paz espiritual: sem armas, violência, fome e a desigualdade que impede maior harmonia civilizatória. O mundo depende de consciências individuais para atitudes coletivas sustentáveis, sem fake news. Comecemos então, a despoluir nossas paisagens mentais.

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