Opinião

Economia é meio, não fim

Economia é meio, não fim

“O sentido da vida e seu arcano é a aspiração de ser divino no prazer de ser humano”. (Raul de Leone, poeta)

Como explicado no artigo anterior, este escriba foi homenageado pelo Lions Clube de Minas Gerais e Academia Mineira de Leonismo com a medalha JK – Cultura, Desenvolvimento, Civismo em concorrida assembleia festiva realizada no dia 06 de outubro passado no salão nobre do Tribunal de Contas do Estado. A primeira parte do discurso de agradecimento que fiz no referido evento foi estampada, neste espaço, na edição anterior do Diário do Comércio. A conclusão vem na sequência.

“Senhoras e Senhores, esta feérica festa repleta de simbolismo cívico e de inspirações altruístas que fazem bem ao espírito e ao coração, ao evocar a solidariedade social convoca reflexão acerca deste momento humano perturbador, sedento de amor. Leonismo rima com solidarismo, ecumenismo, civismo, humanismo. Este harmonioso conjunto de vocábulos acha-se inserido na mensagem vinda do fundo e do alto dos tempos, endereçada a mulheres e  homens de boa vontade. Trata-se de recado de cunho espiritual que fala de amor e que rechaça o ódio. Exprime concórdia e nega o preconceito. Revela que a salvação do homem não vem do leste ou do oeste, do norte ou do sul, nem das lateralidades ideológicas extremadas. A salvação do homem vem do Alto. Deflui da compreensão de que o sentido da vida e seu arcano “ é a aspiração de ser divino no prazer de ser humano, conforme reza a sabedoria poética”. 

O mundo carece ser conectado com sua humanidade. A economia não é fim em si mesma, é meio para se atingir um fim, sempre social. O homem é a medida correta das coisas. Do projeto da Criação nada consta a respeito das mazelas, das torpezas, das injustiças que tanto enfeiam a paisagem humana de nossos tempos. As desigualdades sociais, ou seja, os ganhos demasiadamente avultados de alguns poucos e os ganhos insuficientes de multidões reclamam alterações nos rumos das políticas globais de desenvolvimento, de modo a que sejam voltadas para padrões de prosperidade social abrangentes, que contemplem todos os segmentos da sociedade. Estratégias geopolíticas malsãs, com intuitos de dominação de territórios indefesos, como acontece agora nesta invasão despropositada da Ucrânia pela Rússia, mantém o planeta em estado de sobressalto continuo. Os temores de uma guerra atômica, as sucessivas pandemias, os crimes ambientais, a pobreza aguda ao rés do chão, o drama dos refugiados, a fome – apesar da superabundância de alimentos -, as legiões de excluídos sociais sem acesso aos meios de consumo, moradia, saúde e educação são problemas clamorosos que em nome da evolução civilizatória precisam ser equacionados. A prodigiosa ação tecnológica nascida da assombrosa criatividade humana, que nos permite, num único entre muitos exemplos, contatar com alguns cliks, em minúsculo aparelho, qualquer lugar nos confins do planeta, precisa ser compatibilizada com a vida, precisa ser amoldada ao conforto e bem-estar de todos.  Certeiramente, cérebros geniais que idealizaram essa era de esplendor tecnológico estão capacitados ao auxiliarem as lideranças mundiais na elaboração de projetos que contemplem soluções na linha da solidariedade social, como resposta a justos clamores ouvidos em tudo quanto é parte. Quando ocorrer desses valores humanísticos prevalecerem no comportamento comunitário poderemos desfrutar finalmente da benfazeja condição de um congraçamento humano que nos liberte de medo, desconfiança, conceitos de vida desvirtuados e que possa também nos trazer a confiança do homem no homem. Como no verso famoso: “o homem irá confiar no homem assim como a palmeira confia no vento, o vento confia no ar, o ar confia no campo azul do céu”. Muito obrigada

Palavra de leão.

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