Opinião

EDITORIAL | A chance de fazer melhor

EDITORIAL | A chance de fazer melhor
Cuidar melhor do mundo | Crédito: Pexels

Os números são ainda cruéis, altamente preocupantes, mas o entendimento geral aponta que o pior ficou para trás, cabendo agora acelerar o processo de vacinação para que a pandemia seja contida e revertida. É o que nos aponta o horizonte, justificando as esperanças que marcam a passagem de ano, mas igualmente indicando que temos todos pela frente a gigantesca tarefa que, mais que de recuperação, bem pode ser classificada como de reconstrução. Reconstrução e transformação, sem a ilusão de que, afinal, os estragos foram menores que o esperado e a recuperação poderá ser mais rápida.

Se nos alimentarmos com ilusões o percurso fatalmente será mais difícil, não tanto pelas perdas de produção, postos de trabalho, renda e consumo, que significam regressão palpável, mas, sobretudo, pelo desequilíbrio estrutural desnudado pela Covid. Organismos internacionais acreditados, da Organização das Nações Unidas (ONU) ao Banco Mundial (Bird) e Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam nessa direção, mostrando as distorções e reclamando a busca do equilíbrio como questão central, no entendimento de que havendo menos concentração da renda, haverá também mais produção, consumo e comércio, com ganhos partilhados de forma mais eficiente.

Definitivamente não é nada pequena a tarefa que temos pela frente, mas é possível dizer que tanto a agilidade no desenvolvimento da vacina, possível porque houve colaboração e partilha de conhecimentos, a reconstrução que conduza a uma nova ordem econômica, a mais racionalidade em todos os sentidos, tornou-se imperativa, exigindo a ruptura de padrões consagrados mas que se revelam inadequados. Afinal, temos conhecimentos  acumulados, temos reservas e riquezas que bastam para sustentar a ambição das transformações que, estas sim, poderão marcar a vitória definitiva da humanidade contra a ameaça de um vírus até há pouco desconhecido.

O que não podemos, feita a vacinação e contida a ameaça mais visível, o que se espera não demore muito a acontecer, darmos como completada e vitoriosa a tarefa, rapidamente esquecendo seus efeitos colaterais. Melhor será entender tudo que acontece como advertência e oportunidade, realizando, afinal, num contexto de verdadeira aproximação e colaboração, as transformações ditadas pelo bom senso, entendendo afinal que elas poderão levar a um mundo melhor, mais justo e mais seguro para todos, num jogo em que afinal só existirão ganhadores. A diferença entre o utópico e o possível será a prevalência da vontade e do interesse coletivos.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas