Opinião

EDITORIAL | A conta e o que restará

EDITORIAL | A conta e o que restará
Crédito: Divulgação

Cumprindo hábitos bem brasileiros, onde existem leis que “não pegam”, a campanha eleitoral, ou o que diz a respeito a legislação sobre a matéria, ainda não começou. Não é verdade, começou sim e corre a pleno vapor, mantida a impressão de que o País, ou os eleitores, está dividido em dois blocos, enquanto políticos que representariam um e outro bloco promovem uma rapina conjunta nos esvaziados cofres públicos. É do jogo, diriam os céticos, não sem razão, mas ainda assim convidados a admitir que nunca  a desfaçatez chegou às proporções atuais.

Corre solta, repetimos, mas acompanhada de um vazio de ideias e propostas em proporções das quais também não existem precedentes. Não é preciso, pelo menos não para leitores qualificados como os deste jornal, falar de crise, de dificuldades que se acumulam e vão crescendo por conta dos erros ou da inércia da gestão pública. Não é preciso lembrar que houve pequena reação na oferta de empregos, porém com redução significativa da renda, confirmando que o Brasil e os brasileiros estão mais pobres.

Desnecessário igualmente apontar o tamanho do déficit e da dívida pública, uma conta que, já alertam os especialistas, será acrescida no próximo ano das despesas insanas que estão sendo ordenadas agora, sob pretexto de que é preciso socorrer os mais pobres – mas como assim, se o discurso oficial nos fala de um país que está avançando e se recuperando? – mas que são na realidade expressão de “bondades” das quais se espera retorno na eleição de outubro.

Até neste prisma mais um problema. Se afinal todos, deputados e senadores, aprovaram a escandalosa PEC, imagina-se que esperam retribuição, fidelidade que, concretizada, se transformará em inédito impasse, ou empate, na hora de contar os votos e caso eleitores não sejam tão ingratos como os políticos costumam ser. Três meses é pouco tempo para que alguma coisa possa mudar, muito menos para que surja um projeto consistente e robusto o suficiente para devolver ao Brasil a perspectiva de uma recuperação robusta e permanente, que devolva aos brasileiros a esperança no futuro.

Meia dúzia de candidatos, pouco mais ou pouco menos, não faz diferença, dizem que querem a cadeira presidencial e pedem seu voto. Na visão deles, parece que é isso que a política se resume, ficando as contrapartidas num outro plano, sobre o qual já falamos. Sobre o que de fato pretendem fazer nem uma palavra, até porque parece que eles também pouco sabem além do discurso da conveniência ou da habilidade de marqueteiros. Assim, para resumir e concluir, resta dizer que a conta acabará em nossos bolsos, mesmo que esvaziados.

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