Opinião

EDITORIAL | A conversa fora de hora

EDITORIAL | A conversa fora de hora
Crédito: REUTERS/Ueslei Marcelino

Como é sabido, a eleição presidencial, assim como no caso de alguns governos estaduais, este ano será decidida em segundo turno, com votação marcada para o próximo dia 30. São as regras estabelecidas, tudo correu bem na primeira votação e é desejável que assim seja também na segunda. Os postulantes, especialmente no caso dos que disputarão a Presidência da República, gastaram a semana construindo novas alianças, buscando apoios que são tão ou mais importantes por conta do quase empate ocorrido no primeiro turno. Redefinidas as alianças, começará a campanha propriamente dita, com todos os rituais de praxe e, espera-se, também com tempo para que possam ser discutidas mais a fundo as propostas de cada candidato, assim como seus compromissos com o futuro que enxergam ser o melhor para o País e sua população.

É o jogo democrático em pleno andamento e no seu momento mais rico, exatamente por conta da participação coletiva e diante dos desafios que estão colocados. Nesse contexto tão rico e tão importante chama atenção que antes mesmo de completada a votação, feita a escolha e empossado o vencedor, já teve início discussões sobre o pleito de 2026 e ensaiados  movimentos de possíveis candidatos. Chama atenção, evidentemente, pelo despropósito e pelo absurdo, como se fosse razoável que o País viva em campanha política quase permanente, enquanto o exercício do governo, o ato de administrar e produzir resultados esperados permanece em segundo plano, como se destituído de importância.

Definitivamente, em termos de política e de gestão pública, estamos diante de um de nossos maiores males, em que a imprudência, ou impertinência, apenas expõe ambições que não conhecem limites. A gestão que começará no próximo ano, com foco evidentemente no cargo mais alto no plano federal, permanece indefinida, sem a decisão pertinente, o que, no entanto, não impede que mais uma vez o calendário seja atropelado e, mesmo, que alguns movimentos feitos agora já mirem 2026, entrando inclusive nos cálculos de apoio a este ou aquele grupo, num processo que por esta razão fica parecendo ser exclusivamente de conchavos, de alinhamentos sempre de conveniência, pragmáticos, enquanto o sentido mais verdadeiro de todo o processo se perde.

Existe consenso no fato de que os próximos quatro anos serão, para o Brasil, de dificuldades que resultam da combinação de problemas internos e externos. E num volume que deveria ser mais que suficiente para ocupar as atenções gerais, em especial dos agentes públicos, em tese portadores das maiores responsabilidades.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas