EDITORIAL | A escolha inevitável

Depois de lembrar que o funcionalismo público tem condição privilegiada em comparação aos trabalhadores da área privada, estabilidade inclusive, o governador Romeu Zema voltou a afirmar que a reforma previdenciária no Estado é inevitável, sem o que muito em breve a situação será insustentável.
Segundo ele, no próximo exercício o déficit do Estado chegará a R$ 19 bilhões, num aumento contínuo, de ano para ano e, pior, superior ao crescimento da arrecadação. Se o próprio governador reconhece e afirma que o Estado está falido, resta concluir que, com suas finanças correndo ladeira abaixo, o próximo estágio será de colapso.
Embora na fala que serve de base a este comentário o governador tenha se limitado à questão da previdência, na verdade o assunto que ele persegue é bem mais amplo, envolvendo o conjunto de gastos com o funcionalismo e onde, cabe frisar, as maiores distorções estão nas órbitas do Judiciário e do Legislativo.
São despesas que nos últimos anos cresceram desproporcionalmente, consumindo a maior parcela dos recursos públicos e reduzindo a algo próximo do nada a capacidade do Estado investir como deveria em áreas como educação e saúde, num processo paralisante que acabou comprometendo o crescimento da economia regional e, na ponta final, a própria arrecadação.
O funcionalismo, que nesse momento crítico da vida nacional, ainda conta com o salva-vidas da estabilidade, não entrando assim na trágica conta dos desempregados, dos trabalhadores informais sem renda e até dos pequenos empresários falidos, finge que não enxerga o que se passa à sua volta, protestando e se dizendo vítima de injustiças continuadas. Melhor faria se percebesse que não existe mais espaço para as distorções que o corporativismo permitiu que fossem acumuladas.
Assim, e com um mínimo de realismo, deveriam entender, depois de cinco anos que não recebem seus vencimentos em dia e regularmente, que não há mais como alimentar a gordura que a esfera pública – e não apenas em Minas Gerais – foi acumulando ao longo dos anos, gerando um peso que não pode mais ser suportado.
E a um ponto em que, de maneira muito simples, será conveniente que se lembrem que é sempre melhor abrir mão dos anéis para não perder os dedos.
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