Opinião

EDITORIAL | A história se repete?

EDITORIAL | A história se repete?
Crédito: Reprodução

Documentos oficiais do governo dos Estados Unidos, tornados públicos não faz muito tempo, dão conta de quando e como aquele país interferiu diretamente nos negócios internos do Brasil, alimentando e suportando a conspiração que culminou com o movimento militar de 1964.

A realidade, apenas a realidade, sem qualquer distorção, com a correspondência diplomática revelando fortes temores de uma guinada à esquerda no país, com o risco, segundo estas análises, de uma “urbanização”.

No momento final, uma frota norte-americana, com suprimento e armamentos, navegava em direção ao Brasil, pronta para intervir se os revoltosos não dessem conta do recado.

Tudo isso hoje é história, devidamente documentada, muito distante do que alguns dizem ser invencionice de esquerdistas. Pouco é dito, porém, sobre a intervenção direta dos Estados Unidos, a partir início dos anos 60, atuando para criar o ambiente propício ao que veio depois.

Foi com financiamento norte-americano, do próprio governo ou de empresas locais com interesses no Brasil, que foi alimentada toda a campanha que procurava dar ares de verdade e ameaça próxima às investidas comunistas, diretamente patrocinada, como era dito então, por Moscou. Mais que ideologia, mais que medo, era o suborno que ajudava a causa e aqui o que procuramos destacar exclusivamente é a interferência externa, a defesa sem pudor de seus interesses.

Tudo isso chegando ao ponto de existir uma “agência de publicidade”, bancada a partir de Washington, exclusivamente para alimentar a “fidelidade” da grande imprensa local.

A história, não raro, é escrita dessa forma e nos ocorre lembrar tais acontecimentos a propósito de uma recente entrevista do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) à rede Bandeirantes, quando ele revelou que, no âmbito das investigações sobre as ditas fake news, foi descoberto que atividades políticas no Brasil estão sendo financiadas com recursos externos. Mais não disse.

Diante da gravidade da denúncia, estranha-se o silêncio posterior e a mais completa falta de repercussão da entrevista, que necessariamente traz à memória os acontecimentos dos anos 60.

Que pistas mais teria o presidente do Supremo, no sentido de esclarecer que interesses, e por quem, exatamente estariam sendo manobrados com recursos que podem ser de países, de grupos políticos ou até de empresas?

A gravidade do assunto, seus antecedentes, não comportam silêncio, não toleram passividade, que significaria permitir que prevaleçam interesses que não são os da maioria dos brasileiros.

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