Opinião

EDITORIAL | A ratoeira brasileira

EDITORIAL | A ratoeira brasileira
Crédito: Pixabay

Reforma política no Brasil é assunto bastante antigo e, sem que seja necessário recuar ainda mais no tempo, passou a ser uma das bandeiras na redemocratização, iniciada como algo comparável a um arranjo de acomodação. Com o tempo viriam os ajustes, aperfeiçoamentos entendidos como necessários para consolidar a recém-conquistada democracia.

Da tarefa, ainda por concluir, nem a Constituinte instalada em 1987 deu conta, ficando postergados os ajustes que cada um dos presidentes eleitos posteriormente, de Collor a Bolsonaro, em campanha elegeram como uma de suas prioridades mas, no cargo, zelosamente cuidaram, e cuidam, de engavetá-la.

Esta, digamos, conveniente preguiça explica os problemas que o País enfrenta hoje no plano político, com reflexos na gestão pública que são de conhecimento geral. O atual presidente foi mais um dos que prometeu fazer diferente, apresentando a nova política em que definitivamente não haveria espaço para a corrupção e ninguém mais ousaria repetir que “é dando que se recebe”, espécie de mantra que de um sistema que banca um pluripartidarismo de conveniência e onde, não havendo espaço para uma construção comum, a única ideologia e o único projeto que prevalecem é o da quase sempre despudorada conveniência.

Os resultados aí estão aos olhos de quem quiser ver e não poderia ser mesmo diferente, conforme bem ilustrado no recente anúncio de que um certo Partido da Mulher Brasileira (PMB) deve mudar de nome, trocando-o por um ainda incompreensível Brasil 35.

Por algum motivo também obscuro a manobra teria como objetivo final atrair o presidente da República, que hipoteticamente disputaria um segundo mandato pela legenda. Nada original, é justo esclarecer, porque nos últimos anos outros nove partidos mudaram de nome, quase sempre buscando apagar algum pecado ou o descrédito a eles associado.

E assim prosseguimos na mesma toada, com a prometida nova política agora ancorada no mesmo “Centrão”, pelo qual passaram cada um dos governos eleitos após a redemocratização, tudo, ou quase,  não sendo mais que a repetição de práticas fundadas em abjeta conveniência, condenando o País ao atraso e os brasileiros à miséria, vendo mais distante o futuro que em alguns momentos pareceu tão próximo, enquanto nomes vão sendo mudados, sem lógica e sem nexo, na tentativa de esconder a realidade ou, quando muito, repetindo a tática de mudar para deixar tudo como está. 

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