EDITORIAL | A semente e seus frutos

O presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais (Federaminas), Valmir Rodrigues, decidiu marcar o início de seu segundo mandato de forma diferenciada. Convocou dirigentes de associações para encontro em que foi discutido associativismo e sua importância, bem como mais efetiva interação entre as entidades, visando seu fortalecimento. Segundo ele, de forma bastante objetiva, a ação comum das associações comerciais – uma rede de grande capilaridade no Estado – representa o fortalecimento de todas e de cada uma, valorizando consequentemente os próprios empresários. Trata-se, segundo o dirigente classista, de entender que as entidades não teriam a mesma força se atuassem isoladamente.
O princípio está correto e deve ser entendido num contexto mais amplo, para além das associações comerciais. Na realidade, a representação empresarial, fragmentada entre diversas entidades, perde parte da força que poderia e deveria ter exatamente por assim se apresentar. Nada que não tenha sido discutido ou que não seja de amplo conhecimento, aderência também em larga medida, mas que ainda não alcançou proporções tão possíveis quanto desejáveis. Na realidade, um daqueles assuntos em que todos parecem concordar, todos aplaudem, mas ninguém se movimenta na direção que reconhecem desejável. Algo que esteve mais próximo de acontecer faz tempo, ainda durante o regime militar, quando a união de entidades de representação empresarial esteve bem próxima de acontecer, mas esbarrou exatamente no veto das autoridades da época. De parte a parte, naquelas alturas, mais visão que na atualidade.
Fato é que a articulação de tempos em tempos cogitada parece continuar esbarrando em pequenas vaidades, em que dirigentes classistas, não todos evidentemente, aparentemente preferem não renunciar ao poder ilusório que imaginam deter, sem o entendimento elementar de que articulação bem-feita viria da soma, nunca da divisão. Exatamente o que sugere agora a Federaminas, talvez ainda sem perceber o alcance potencial do encontro realizado em Belo Horizonte na semana que passou. Importante assinalar, de qualquer forma, ser muito positivo que o assunto tenha retornado à pauta, quem sabe, de imediato, apenas para ajudar a revigorar os encontros mensais realizados em Belo Horizonte por uma dezena de entidades para alinhamento de suas respectivas pautas.
Uma semente que foi plantada em terreno fértil, mas que, como sugere agora a Federaminas, precisa ser adubada e irrigada para germinar e dar bons frutos.
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