EDITORIAL | Aberrações sem limites

O auxílio emergencial deve começar a ser pago no mês de abril porque não houve tempo, na Câmara dos Deputados, para a apreciação da proposta do Executivo de garantir o primeiro pagamento ainda no corrente mês. Serão entre 150 reais a 375 reais, variando de acordo com as condições do beneficiário. Melhor do que nada, claro, mas ainda assim muito pouco, pouquíssimo, para quem não tem renda ou está muito próximo dessa condição. Foi o possível, resumem as excelências de Brasília, lembrando que os cofres do governo estão vazios, enquanto a dívida pública se aproxima do valor equivalente ao um ano inteiro de PIB.
Não estão mentindo, mas também não estão sendo coerentes. É o que podemos concluir diante do anúncio de que o Senado pagará passagens de avião para servidores, apenas para que estes possam atravessar os portões de embarque, acompanhando os senadores até a porta do avião.
Essa conversa de doidos precisa ser mais bem explicada. O Senado decidiu cortar o aluguel de uma sala VIP no aeroporto de Brasília, por medida de economia. Acontece que, sem a tal sala, assessores e seguranças não poderão acompanhar seus chefes e a compra das passagens foi a solução encontrada para contornar o impasse, evidentemente sem qualquer constrangimento para os autores da ideia ou seus beneficiários. Nada relevante num país onde faz tempo autoridades prometem um ajuste fiscal que não acontece.
Nesse mundo à parte, ocupado por gente que na prática sequestrou o Estado brasileiro, não há por que se espantar também diante da notícia de que no Rio de Janeiro cinco conselheiros do Tribunal de Contas estão afastados de seus cargos há 5 anos, acusados de cumplicidade em obras realizadas no Estado e de receberem propinas para “fazer vista grossa”. Não deixa de ser material de humor que isto se passe justamente no órgão máximo de controle de despesas do Estado. E com motivos maiores para risadas quando ficamos sabendo que, mesmo afastados, estes personagens continuaram recebendo salários e vantagens, uma conta que já soma R$ 8,4 milhões e mesmo com o Estado quebrado continua sendo paga pontualmente.
Dirão os beneficiários, num e noutro caso e como é rotineiro nessas ocasiões, que tudo é absolutamente legal e, para eles pelo menos, normal e pertinente. Estão enganados e espanta que não estejam também corados, na realidade cobertos de vergonha, marajás dos tempos modernos que na realidade devem se dar por tranquilos depois de aprovado o tão aguardado auxílio emergencial.
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