Opinião

EDITORIAL | Abuso além dos limites

EDITORIAL | Abuso além dos limites
Crédito: Reuters/Regis Duvignau

Enquanto o lado mais negro da oposição prossegue em seu delírio de buscar fazer crer que o combate às fake news seria não mais que tentativa de censura e de controlar as liberdades de pensamento e expressão, assim ignorando e distorcendo mais uma vez os fatos e a verdade, surgem no ar novos sinais de alarme. Estamos falando, conforme o leitor mais atento terá percebido, das discussões na Câmara dos Deputados sobre mecanismos de acompanhamento e controle das redes sociais, transformadas em veículo deletério de inverdades e abusos variados, num flagrante conjunto de ameaças a valores e instituições que são a base de nossa organização política e social.

Nesse ambiente, que prossegue turvo, chamaram atenção denúncias do deputado Arthur Lyra, presidente da Câmara dos Deputados, de que as chamadas big techs atuaram direta e afrontosamente para pressionar parlamentares visando alterar a votação que se aproximava e acabou sendo adiada. Segundo ele, a pressão foi “horrível, desumana e mentirosa” ensejando “atos quase de horror”. Diante da tramitação em regime de urgência, as empresas controladoras das redes sociais aumentaram a pressão recorrendo à postagem de anúncios com críticas à proposta, além de impulsionarem conteúdos falsos como de que o projeto em discussão baniria até mesmo versículos da Bíblia. Tudo isso sem qualquer pudor, sem nenhuma espécie de constrangimento, apenas reforçando as proporções da ameaça que representam.

Diante do sucedido, e da polarização verificada, em que, segundo Lyra, “as discussões diziam respeito a tudo, menos ao texto”, a votação foi afinal adiada. Nada que impedisse o presidente da Câmara de informar que reúne relatos de deputados sobre as ameaças sofridas como forma de intimidação”, num jogo de clara afronta e em que todos os limites da prudência foram ultrapassados. “Vamos entrar com ação responsabilizando as big techs pelo ato quase de horror que elas praticaram na vida dos deputados”. Uma reação proporcional, necessária, mas que não deve se esgotar nesse patamar.

Os abusos, com marcas de prepotência, tomaram proporção de desafio maior e que em qualquer circunstância não pode ser tolerado. Menos ainda em se tratando de empresas multinacionais cujos interesses, percebe-se a cada dia que passa com maior clareza, são um tanto obscuros e em nada, absolutamente nada, guardam identidade com aquilo que nos move como nação. Por isso mesmo cabe entender não será próprio que a reação se esgote nesse limite que, diante dos fatos, se revela um tanto acanhado.

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