Opinião

EDITORIAL | Acordamos com o susto

EDITORIAL | Acordamos com o susto
Em nota, a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), disse que se posiciona pelo equilíbrio. Crédito: Divulgação

Existem boas razões para acreditar que podemos estar diante de uma daquelas situações, ensinando que existem males que vêm para o bem. A referência, claro, é sobre os acontecimentos de domingo (8) e o que veio depois, tudo com forte e positivo simbolismo. De pronto, a constatação de que os golpistas perderam, chegaram a um extremo em que sua fragilidade foi suficientemente exposta. Seu espaço agora é somente de recuo, bem evidenciado no desmonte dos acampamentos montados diante de quartéis. Derrota tão completa que já na segunda-feira o presidente Lula despachou de seu gabinete do Palácio do Planalto, promovendo sucessivas reuniões em que não exibiu a sua própria força e sim força e união da democracia brasileira e das instituições que a suportam. Pela primeira vez em muito tempo, ninguém falou de situação ou de oposição, falou-se de Brasil, de democracia e de liberdade, compromisso maior de todos.

Que tenha sido afinal o momento da virada, que os movimentos daqui para frente, no âmbito da política, não sejam mais medidos com a régua e o compasso do interesse imediato, de como marcar posição para as eleições que estão por vir. Foi o vácuo até então existente, foi o completo abandono de um verdadeiro projeto de reforma política, que abriu espaço para o oportunismo e tudo que veio na sequência, até domingo passado. Que a longa fila de ônibus transportando para a Polícia Federal os últimos ocupantes do “acampamento” em frente ao QG do Exército, em Brasília, simbolize a marca dessa virada.

Assim que possamos, afinal, depois de tanto tempo, cuidar do que interessa, começar a trabalhar, somando forças para enfrentar e vencer os desafios que temos pela frente e diante dos quais cada um de nós tem parcela de responsabilidade. Da mesma forma que temos interesse em construir um país que saiba aproveitar suas vantagens competitivas, seus diferenciais que têm proporções globais, para construir uma economia forte da qual derive prosperidade a ser partilhada com mais equidade. Tudo isso no elementar entendimento de que é o mais importante, o que realmente interessa.

Planejamento, objetivos bem definidos e metas a serem alcançadas demandam estabilidade política e gestão pública competente e comprometida. O quanto basta para que os espaços privados também possam ser bem ocupados, regulados mas livres de pressões impróprias e que lhes retiram a competitividade. Tudo isso, repetimos, começa da união e se todos os movimentos, todas as manifestações dos últimos dias forem mais que palavras ao vento não será demais acreditar que o Brasil e os brasileiros podem estar começando a caminhar nessa direção.

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