[EDITORIAL] Agora é pensar apenas no País
Abertas as urnas e contados os votos, num processo em que, ao menos formalmente, o Brasil tem o que ensinar ao mundo, está escolhido o próximo presidente da República, Jair Bolsonaro, a ser empossado no dia 1° de janeiro. Cumpriu-se, apesar dos excessos, a fase mais delicada e ao mesmo tempo mais importante do processo democrático, garantindo a alternância de poder e, antes, a escolha livre de cada cidadão habilitado a votar. Aos vitoriosos, por enquanto, as comemorações que, tudo faz crer, durarão pouco, ou até que os futuros dirigentes do País se deem conta do tamanho dos problemas que terão pela frente e para os quais a maioria dos brasileiros espera solução.
De pronto diríamos, mesmo sabendo que falamos com uma certa dose de utopia que, ultrapassado o período das campanhas e da votação, é pelo menos racional esperar que as divisões próprias e até naturais nesse momento sejam ultrapassadas pelo objetivo, afinal comum, a julgar pelo que disse e prometeu cada candidato, da construção de um país melhor, mais próspero e mais justo, capaz de aproveitar e pôr a serviço do bem comum suas reconhecidamente amplas potencialidades. Parece muito e de fato é muito, considerado o histórico desse caminhar, porém nada que não possa ser alcançado se houver convergência e, claro, entendimento das urgências que estão pela frente. Além de coerência com o espírito público de que tanto se fala e tão pouco se pratica.
É o conhecimento da realidade que nos faz imaginar que, para os vencedores, as comemorações serão breves. Até porque é preciso também começar a trabalhar, a dar formas mais precisas aos planos de governo, em que a grande questão continua sendo o reequilíbrio das contas públicas e consequente redução do déficit fiscal que ameaça levar o endividamento a níveis insuportáveis e pode representar, em curto espaço de tempo, uma situação de paralisia para o País. E esta deixa de ser um problema dos vitoriosos, daqueles que ocuparão as cadeiras de comando, para se transformar num problema de todos os brasileiros. E sem espaço também para que seja trazida de volta a teoria do quanto pior melhor, arma de perdedores já de olho numa vitória futura, independentemente de quanto isto possa custar.
O fato é que o Brasil, ou os brasileiros, já errou demais, consumindo tempo, recursos e energia justamente porque os projetos políticos sempre foram apenas projetos de poder e tanto melhor se de longa duração. Todos pagamos caro e a situação em que o País se encontra reflete os erros cometidos. Nessa conclusão está embutida a lição a ser aprendida e a esperança de que finalmente se desenhe um projeto de Estado, de todos os brasileiros, concebido e executado para corrigir os erros do passado e, finalmente, nos abrir as portas do futuro. Em síntese, boa sorte a Bolsonaro, boa sorte a todos nós.
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