Opinião

EDITORIAL | Ambição é única regra

EDITORIAL | Ambição é única regra
Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O princípio da reeleição para cargos do Executivo está ancorado em pressupostos que fazem sentido, enxergando-se um segundo mandato, ou reeleição – e não mais que isso – como reconhecimento à gestão anterior e oportunidade para que o titular tenha tempo para completar seus planos e projetos.

Mais uma vez, no Brasil pelo menos, a teoria se distanciou da prática e o que era para ser bom se transformou em um problema a mais, comprometendo tanto as práticas políticas quanto a gestão. Para alguém que tenha pretensões políticas ou, mais, seja dono de um mandato, a reeleição rapidamente transforma-se numa espécie de obsessão, obedecendo a um ritual de baixa credibilidade.

Algo que começa, ainda na campanha eleitoral, com o candidato garantindo e proclamando que, se eleito, não concorrerá a um segundo mandato, tal a sua convicção nas virtudes da renovação. Eleito, de início ele evita o assunto, declara, pomposo, que tem um mandato a cumprir e esta é sua única preocupação. Numa segunda etapa, passa a admitir que, se convocado, não faltará ao chamado e a última etapa é assumir suas pretensões, que são sempre as mesmas, sem medir esforços para alcançá-las.

Enredo conhecido e monotonamente repetido como se fôssemos todos nós, eleitores, completos idiotas, incapazes de enxergar que hoje em dia as manobras começam antes mesmo da posse e passam a ser o único projeto do ungido, nada importando que para isso a gestão fique em segundo ou terceiro plano.

Uma distorção tão completa e tão sem propósito, se não para seus poucos beneficiários, que ninguém parece se dar conta que uma gestão bem-sucedida, competente, seria passaporte natural para um segundo – e legítimo – mandato. Para completar, e talvez ajudar a explicar o vazio diante do qual nos encontramos, tudo se dá em torno de nomes, a tal fulanização, sem que nenhum deles se dê ao trabalho, a sério, de desenhar e apresentar um verdadeiro programa, que seja de governo e ao mesmo tempo do país, como imutável compromisso.

Nada diferente do que acontece presentemente, em que nomes vão sendo apresentados ou se apresentam, gostam muito de falar dos defeitos dos oponentes, mas pouco dizem de suas qualidades, talvez esperando que o marketing político preencha a lacuna. Tudo, ou quase, vazio e falso, alimentando ilusões que adiante serão fatalmente apenas novas frustrações para que então comece um novo ciclo com o mesmo enredo enquanto os brasileiros continuem esperando que o futuro chegue.

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