EDITORIAL | Ameaças a combater

Como está definitivamente não pode ficar. Estamos falando das redes sociais e suas variações, de alcance virtual e sem limites, transformadas em ferramenta política da pior qualidade. Disso sabem muito bem os brasileiros, que conviveram com práticas abusivas durante toda a campanha eleitoral, situação que não mudou muito, talvez tenha piorado, depois de conhecidos os resultados. Só para ilustrar a que ponto chegamos nos últimos dias, foram publicadas a prisão do ministro Alexandre de Moraes e, na sequência, a morte do presidente eleito, vítima de infarto ou AVC. Mentiras depois de mentiras, que autores tentam abrigar numa versão absolutamente ensandecida de liberdade de expressão ou de censura.
Felizmente não estamos sozinhos, ou perdidos, neste esgoto que não para de produzir imundície. Como sabemos, o mesmo, ou quase, acontece mundo afora, num modelo que o ex-presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, muito ajudou a potencializar, espalhando-se também pela Europa. Curiosamente, pouco se sabe sobre o que estaria acontecendo na Ásia e Oriente Médio. E um dado novo, nesse contexto, foi a compra do Twitter pelo empresário Elon Musk, dito o homem mais rico do mundo e agora capaz de alcançar, para o bem ou para o mal, pelo menos 200 milhões de indivíduos em todo o mundo, feito que faz dos Murdoch, antigos barões da mídia mundial, quase principiantes no seu ofício. Resumindo, mais controvérsia num espaço transformado em terra de ninguém, mas suficientemente forte para decidir a saída da Grã-Bretanha da Comunidade Europeia, o que se transformou num problema que os britânicos não estão conseguindo digerir.
Apesar dos esforços realizados, principalmente das seguidas intervenções do Judiciário, espertamente apontado como patrocinador de uma censura que seria a negação da própria democracia, quando não evidência de seu aparelhamento pelos inimigos da liberdade, fácil constatar que foram poucas as mudanças, na realidade insignificantes, diante do tamanho do problema.
Algo a ser considerado e a ser tratado com o mesmo rigor que se observa, por enquanto apenas como ensaios, em países da Europa Ocidental, onde o poder econômico e político dessa mídia às avessas ainda é bem menor que nos Estados Unidos.
Deixar como está, acreditar que os ajustes poderão acontecer naturalmente, tornou-se um risco inaceitável. Todo o progresso e toda a tecnologia que move estes aparatos, sobretudo a parcela que atua nas sombras – a dark web – não pode ser enterrada dessa forma ou estaremos todos renunciando ao futuro.
Ouça a rádio de Minas