Opinião

EDITORIAL | Americanos de sempre

EDITORIAL | Americanos de sempre
Crédito: REUTERS/Brendan McDermid

Perto de seu antecessor, o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, tem modos que merecem ser comparados aos de um lorde inglês. No geral, e sem espaços para dúvidas, as eleições do ano passado produziram uma mudança da água para o vinho pelo menos nos modos e costumes, porém sem que possam ser percebidas diferenças naquilo que os próprios norte-americanos costumam chamar de  “o sistema”.

E o novo presidente, como de estilo, parece ter esperado os primeiros 100 dias de sua gestão, cumprindo outro dos rituais que lhes são caros, para revelar, ou confirmar, uma outra face, aquela em que, por uma espécie de direito divino concedido não se sabe por quem, tenta fazer do País, e por conta própria, uma espécie de polícia do mundo.

Ao longo do tempo não faltaram alvos, justificando uma espécie de estado de guerra permanente, alimentando e alimentado pelo tal “complexo industrial militar”, expressão que caiu em desuso, porém sem que sua efetividade tenha de alguma forma sido alterada. Hoje o alvo preferencial, para fins de propaganda pelo menos, é a China, com seu controvertido sistema político mas um crescimento e avanço em todos os campos, inclusive o militar, que assombra o mundo.

Caminhando para tomar dos Estados Unidos a posição de maior economia planetária, o país asiático, sofre provocações constantes, enquanto são repetidas táticas de propaganda em que a essência é repetir uma mentira tantas vezes até que ela se transforme, ou seja, entendida como verdade.

Agora com um novo e atraente ingrediente, o coronavírus, que Washington e o simpático presidente Biden suspeitam que possa ter surgido de um acidente – ou coisa muito pior – em laboratório chinês. Revela-se, ao mesmo tempo, que aos serviços de espionagem já foram encomendados relatórios sobre o tema, que devem ser apresentados num prazo máximo de três meses. Espera-se que não sejam aqueles mesmos que informaram à Casa Branca sobre a existência de um arsenal de armas químicas no Iraque, que nunca foi encontrado, já documentadamente reconhecido como farsa,  mas justificou a invasão e ocupação do país.

Em suma e para concluir, a retórica do entendimento e da colaboração, da construção de um novo mundo, fazendo do período pós-pandemia ocasião propícia ao sepultamento da retórica do confronto, foi posta de lado nos Estados Unidos antes do que se poderia imaginar. Muito provavelmente, apenas a repetição de uma espécie de truque para acalmar os opositores republicanos, que ao contrário do descartado Trump continuam fortes.

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