EDITORIAL | Ano novo, vida nova

Diante das dificuldades experimentadas no ano que passou, as expectativas para 2021 são melhores, porém, na análise de empresários conceituados, condicionadas à vacinação em massa, capaz de conter a pandemia e abrir espaços para a recuperação da economia, num clima em que, afinal, a ação política seja convergente com as demandas públicas. Em síntese, eis o que tem sido dito nos últimos dias, em que se repetem balanços sobre atividades pretéritas e projeções para o que virá. Sobre o ano que passou cabe lembrar que as piores previsões, aquelas que estimavam queda de até 10% no produto interno, não se confirmaram, um alívio, porém, apenas relativo, considerando que a legião de desempregados passa dos 14 milhões de indivíduos, que a informalidade continua crescendo, o déficit público foi muito além do esperado e a queda do Produto Interno Bruto (PIB) ficará em torno dos 4%, contra previsões, feitas há um ano, de crescimento de 3%.
Contabilizadas as quase 200 mil mortes provocadas pela Covid em 2020 e tendo em conta o recrudescimento da doença nos dois últimos meses, com curvas ainda teimosamente ascendentes, o ano começa ainda sob as marcas do imponderável. E tanto pior quando se constata faltar, na gestão pública, mínima convergência em torno, senão de um plano de ação, pelo menos de um calendário emergencial, com a inevitável correção de rota.
Quem se preocupa, de fato, com as questões mais urgentes que dizem respeito ao Brasil e aos brasileiros, não tem como entender que a vacinação não seja colocada como prioridade absoluta, hoje a base sobre a qual deveriam estar assentados tanto as esperanças quanto os esforços para alcançá-las. Bem ao contrário, o que se pode perceber é que persistem querelas políticas, agora com as atenções voltadas para o comando do Poder Legislativo, mas tendo como pano de fundo as eleições presidenciais dentro de dois anos. Tudo isso com um projeto que é exclusivamente de poder e a ambição que lhe é comum.
Quem investe, trabalha e produz tem muito com o que se preocupar diante desse cenário, entendendo que o ponto de partida tem que ser o controle da pandemia, seguida das reformas prometidas e sempre adiadas, como a simplificação do sistema tributário, tornando-o menos oneroso para os contribuintes e mais eficiente para o fisco, a reforma do Estado, que significa um peso que não tem mais como ser suportado, tudo isso significando conter o déficit fiscal e a dívida pública e propiciando adoção de medidas que, de fato, estimulem investimentos e geração de empregos. E estamos falando, não custa lembrar, da mínima lição de casa, daquilo que não tem mais como ser adiado.
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