Opinião

EDITORIAL | Ao alcance da vontade

EDITORIAL | Ao alcance da vontade
Crédito: Divulgação

A região de Santa Rita do Sapucaí, epicentro do chamado Vale da Eletrônica, abriga uma concentração de indústrias de alta tecnologia sem paralelo no País. São 170 empresas cujo faturamento anual soma R$ 3,6 bilhões, geram 14 mil empregos e representam 60% do Produto Bruto local. Um caso de sucesso que nunca será demais lembrar e apontar, destacando que foi construído a partir da instalação, na cidade, da Escola Técnica de Eletrônica, primeira do gênero em toda a América Latina. O conhecimento, em primeiro lugar e a disponibilidade de mão de obra altamente qualificada fizeram o resto, uma bem-sucedida experiência, inédita e única nos seus resultados, até pelo fato de ter sido realizada numa região de rica tradição agrícola, onde a cultura do café continua sendo também diferenciada.

Em síntese, uma história que precisa ser mais amplamente conhecida, demonstração prática de um modelo sobre o qual muito se fala, e quase sempre com referências e comparações com a Coreia do Sul, ensinando que a educação e o conhecimento representam, necessariamente, ponto de partida para as transformações que a maioria dos brasileiros tanto deseja. Definitivamente não existe outro caminho, conclusão reforçada também pelo sucesso da Embraer, que também teve como berço uma escola de alto nível.

Embora ainda num estágio inicial, também cabe apontar os avanços representados pelo Centro de Tecnologia e Inovação, implantado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais, através do Senai e como resultado da incorporação do antigo Citic.

Mais que comprovar o acerto das escolhas que foram feitas num passado ainda recente, as realizações apontadas neste breve comentário também demonstram que é possível que padrões de excelência estão ao nosso alcance, significando para a indústria local oportunidade de inovar, de agregar valor à sua produção, ajudando a reduzir a dependência externa, cujos aspectos nocivos estão neste momento, com a crise da oferta de semicondutores e componentes eletrônicos, claramente demonstrados. Algo tão forte e tão evidente que está contribuindo para a revisão de alguns dos conceitos da decantada globalização, mostrando que comprar onde é mais barato não é necessariamente a melhor política do ponto de vista de interesses nacionais.

Antes de concluir, vale assinalar que estamos comentando a realidade e não falando de hipóteses ou possibilidades. O Vale da Eletrônica é um modelo que deve ser mais difundido e, sobretudo, copiado por demonstrar que não existem limites quando disposição combina com planejamento e execução, tendo como ponto de partida o conhecimento.  Sim, nós podemos.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas