EDITORIAL | Ao Brasil só resta esperar

Estava ruim e pode ter ficado pior. Dramaticamente pior. Estamos falando das dificuldades que a administração federal enfrenta, diante de problemas críticos de gestão, que não ganha ritmo passados já quase três meses da posse, e assim retarda decisões e providências cruciais.
Tudo isso, dizem alguns observadores mais próximos e atentos, por falta de capacidade de articulação política, agora agravada pelas possíveis consequências da recente prisão do ex-presidente Michel Temer.
O clima é de insegurança e de uma insegurança paralisante, num contexto em que parece não haver tempo para esperar algum tipo de acerto ou acomodação.
A deterioração política é evidente e preocupante, sendo suficiente lembrar que, desde a redemocratização, dois presidentes da República, entre oito, foram removidos do posto e outros dois, mesmo tendo cumprido seus respectivos mandatos, chegaram a ser presos.
Do atual, chama atenção justamente a incapacidade de promover uma construção política capaz de produzir resultados, enquanto a rápida deterioração de seus índices de aprovação sugere um enfraquecimento por demais prematuro, sobretudo se considerados o tamanho dos desafios que estão à frente.
Assim, e recorrendo a uma imagem médica, tudo parece conspirar para que um doente em situação crítica não seja cuidado e receba a devida atenção.
Dizem que o câncer seria o desequilíbrio fiscal e a metástase mais preocupante a situação da Previdência Social. Só que mais uma vez os médicos estão de braços cruzados, alguns simplesmente fazendo pirraça, outros esperando negociar vantagens e outros mais, tentando entender qual foi o real significado da recente prisão – já revogada – do ex-presidente e suas mais prováveis consequências e desdobramentos, apenas esperam.
Dito de outra fora – e as exceções apenas confirmam a regra – cada um pensa em si, poucos se dão conta da responsabilidade de levar o País a um caminho melhor, reaproximando-o do futuro sempre adiado. Também parece evidente uma disputa de poder que, nas circunstâncias, de uma forma ou de outra só produzirá perdedores. Todos nós.
Fica a impressão de que de fato a política em nosso País foi mesmo transformada num condomínio de interesses privados, distanciada de sua própria razão de ser, sem propostas e, pior ainda, sem princípios.
Afinal, que outra conclusão tirar diante das muitas evidências de que os mesmos erros vão sendo repetidos, que o real interesse público continua distante e difuso, que a prometida renovação não parece avançar além das aparências enquanto as soluções vão sendo adiadas e os problemas fatalmente se agravam.
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